Milly Lacombe

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Questionamentos sobre ideias de Pia na derrota para a França

Precisamos falar sobre os erros de Pia na derrota para a França. De cara, errou ao escalar Geyse no lugar de Bia Zaneratto.

Fácil falar agora, verdade. Mas falávamos antes, não apenas eu como muita gente alertava.

Geyse não volta como Bia, não arma como Bia e foi a falta de um meio de campo mais organizado que custou o domínio francês nos primeiros minutos do jogo, incluindo aí o primeiro gol.

Imagino que a ideia era colocar Geyse na frente segurando a bola. Mas não acho que assim se ganha de um time tão forte como o da França. É preciso mais, e o meio de campo é a chave.

Ary Borges e Adriana não foram as mesmas do jogo contra o Panamá porque as francesas entraram com jogo físico forte e elas sentiram a pancada, mais emocional do que fisicamente. Toda dividida de bola era da França e fomos abaixando a cabeça.

Kerolin se virava e ia bem quando tentava driblar para avançar a bola.

Marta poderia ter começado? Poderia. Teria acalmado as jogadoras? Provavelmente. Por que Marta não começa jogando? Fica o questionamento.

Pia poderia ter corrigido a escalação inicial para o segundo tempo, mas voltou com o mesmo time do intervalo. O Brasil foi pra cima, ainda desorganizado, e empatou. Sobra qualidade técnica para esse elenco e elas podem chegar mesmo desorganizadas.

Um a um, time crescendo e Pia então tira Geyse logo depois do empate. Ela saiu visivelmente contrariada.

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Por que mexer em um time que estava se encontrando? Fica outro questionamento. No lugar dela, outra atacante: Andressa Alves.

O Brasil piora com a mudança e, num escanteio, o sistema defensivo deixa a zagueira Renard, que tem quatro metros de altura, absolutamente sozinha para cabecear.

Dois a um. Time bagunça geral. Pia muda de novo.

Tira Antonia da lateral e coloca Monica por ali. Monica é zagueira. Por que isso? Fica mais um questionamento. Monica nada faz em campo.

No bloco das três substituições, uma delas é a entrada de Marta. Faltam dez minutos para o jogo acabar.

Com todo o respeito, Pia, Marta não pode entrar assim. Num bloco de três e a dez minutos do fim.

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Marta é única. Quer deixar ela no banco, talvez você tenha suas razões, mas colocar a maior de todas em campo como se ela fosse mais uma não pode não. Com todo o respeito. Não pode.

Marta, se não começa jogando, então entra em campo seguindo um ritual: sozinha que é para que possamos escutar o estádio tremer em honra à maior de todas. Esse tipo de ritualização, se respeitada, abre portais.

Mas Pia não fez isso e trata Marta como se mortal ela fosse. Pede-se mais respeito e sensibilidade.

Marta não pegou na bola, perdida lá na frente como uma atacante mediana. Nem atacante eu acho que Marta é.

A França é um time monstruoso. Tatica, técnica, física e emocionalmente. Mas o Brasil tem qualidade sobrando e seria preciso organizar taticamente tanto talento.

Pia foi mal hoje. Muito mal.

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Seria preciso entender o que ela quer de Marta, seria preciso entender quem ela acha que arma esse time, seria preciso entender se em vez do 4-4-2 não poderíamos, eventualmente, jogar com um 4-3-3 abrindo o jogo pelos lados, explorando dribles e tabelas, deixando Marta ou Bia na armação, liberando Ary, Adriana ou Karolin para entrarem na área, cairem para os lados?

Muitas dúvidas. Agora é vencer o abatimento e a Jamaica para seguir na Copa.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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