Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

O futebol feminino evolui sob o eloquente desprezo dos atletas do masculino

Não lembro de ter visto um jogador de relevância no cenário do futebol brasileiro profissional se manifestar sobre a Copa do Mundo da Austrália.

Estamos diante de um evento histórico, que marca o feito de ser o maior e mais organizado para mulheres até aqui, e os homens seguem em silêncio sobre ele.

Como repetimos sempre, o futebol feminino está em processo de construção então talvez não venha mesmo de forma espontânea esse apoio. Seria preciso que CBF e clubes orientassem seus jogadores a assistirem às partidas e a comentarem.

O amor que sentimos pelo futebol masculino não caiu em um decreto dos céus sobre nossas cabeças. Ele foi construído por pessoas que amamos, pelas emissoras de TV, pelas rádios, por cronistas, jornalistas, colunistas, ensaístas.

O futebol feminino, mesmo sem esse apoio, chegou até aqui. Só agora começamos a receber algum incentivo das instituições, mas ainda assim ele deixa a desejar.

Narradores e comentaristas tropeçam em suas funções, deixando escapar machismos acidentais que se refletem ou através da condescendência exagerada, analisando o jogo como se fosse um evento de crianças, ou no desdém debochado que ri de erros que eles consideram bobos, como se no masculino erros bobos não houvesse.

O caminho é longo e conforta saber que, a partir daqui, não tem volta. Todos e todas seremos educados ao logo da jornada.

A escolha é entre seguir a passos lentos ou acelerar o percurso. Por isso o apoio de ídolos do masculino seria importante.

Esperar que Neymar se manifeste talvez seja demais: me parece ser alguém que objetifica mulheres de modo bastante público.

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Mas e pessoas legais como Fernando Diniz, Abel Ferreira, German Cano, Renato Augusto, Felipe Luiz, Nino, Arthur etc? Por que seus clubes, e a CBF no caso de Diniz, não informam sobre a importância dessa manifestação em apoio ao feminino?

Por que, aliás, a CBF não pensou numa campanha nacional de apoio que envolvesse os homens?

O Brasil foi eliminado, verdade, mas a Copa continua, os jogos estão bons, o nível competitivo é alto, o torneio é envolvente.

A Copa só termina dia 20 de agosto. Até lá temos tempo. Quem sabe um grande ídolo do masculino ainda se manifeste sobre a Copa das mulheres?

Agora vamos às quartas de final.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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