Bolsonaro, derrotado para a própria vulgaridade
Não será pela pandemia. Nem pelo racismo. Nem por ter elogiado o crime de estupro. Nem pelo nazifascismo. Nem pela LGBTfobia. Nem por ter apoiado a destruição de nossos biomas. Nem por ter debochado das vítimas da covid.
Nada disso foi capaz de levar Jair Bolsonaro às cordas. Para todas as violências acima sempre houve justificativas e aplausos de seu eleitorado.
Bolsonaro vai cair por causa das muambas.
Vai cair por ter transformado Brasília em um balcão de compra e venda de ouro.
Vai cair vítima de suas próprias vulgaridades e miudezas, assim como um vírus é capaz de derrotar um organismo milhares de vezes maior do que ele.
Vai cair porque é pequeno, baixo, minúsculo.
O deputado Jair Bolsonaro é suspeito de operar um grande esquema de corrupção conhecido por "rachadinha" há décadas.
Antes de se candidatar estava tudo ali bem escancarado.
Bolsonaro nunca foi bom, ou quis, esconder muita coisa.
Ler o livro "O Negócio do Jair", de Juliana dal Piva, é fazer um tour detalhado e guiado por esses esquemas criminosos.
No governo, ele e sua turma alargaram os métodos.
É mais forte do que eles. É o que eles fazem para viver. Não sabem ser ou agir de outras formas. Me dá aqui esse Rolex que o Brasil ganhou do Sheik que vou vender ali no balcão de uma loja de conveniência em Miami.
Jair e Michelle Bolsonaro estão a algumas horas de terem o sigilo de suas contas quebrado. Muita coisa mais virá com a investigação. Eles não são bons - ou não querem - esconder seus métodos.
Nada disso deveria ter vindo a público. Bolsonaro teria sido reeleito presidente caso o oponente não fosse alguém com tanto apoio popular.
As tentativas de fraudar a eleição foram, como estamos vendo, múltiplas. Ele seria reeleito e seguiria com seu balcão de compra e venda de ouro, além, claro, de dar continuidade a seu projeto de criar uma nova sociedade: mais violenta, menos democrática, mais masculina, mais delinquente, mais excludente. Tudo com amplo apoio da elite composta por empresários e liberais.
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Quero receberNão deu. Perdeu o jogo, e os últimos apoios que tinha, para a própria vulgaridade.
Porque tem uma coisa que os ricos no Brasil, que se acham europeus, não toleram: é a vulgaridade. O resto, por mais riqueza e poder, tudo passa. Mas a vulgaridade?
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