Horas antes da final, o contestado técnico espanhol revela quem é
Jorge Vilda está no comando da seleção espanhola por ser amigo do presidente da confederação. É o que diz parte da opinião pública local e é o que sugere ele ter sido mantido no comando mesmo depois de 15 atletas pedirem seu afastamento por falta de capacidade técnica.
Entre as reclamações, desde a ausência de entendimento tático do jogo até a proibição para que as jogadoras trancassem a porta de seus quartos, passando pela falta de acompanhamento nutricional. Vilda foi bancado pelos executivos do futebol espanhol.
Agora, com o time chegando à final, os dois principais periódicos de esporte da Espanha estampam Vilda como "o cara". O elenco? Esquece.
O presidente da confederação chegou a declarar que Vilda, coitado, aguentou coisa demais para estar ali.
Classificação e jogos
As mulheres, bem não importa falar delas nem de suas reivindicações. Falemos de meu amigo Jorge Vilda.
Na última entrevista antes da final, o treinador não se ajudou.
Além de não responder uma pergunta direta sobre o tema da falta de união ("próxima pergunta", disse arrogantemente), ele usou sempre o masculino para falar do time. "Queremos ser os melhores", disse mais de uma vez.
Quem são "os" no caso? Ele e sua comissão composta por homens? E as jogadoras?
Linguagem é lugar de luta.
Vilda, consciente ou não, deixou escapar quem é, o que pensa, o que quer.
Só acha que é pouca coisa o uso do masculino nesse caso quem não faz ideia, mesmo que se diga um aliado, da importância da luta que mulheres do mundo inteiro estão travando contra o machismo e a misoginia.
Estar no comando de um time de mulheres deveria obrigá-lo a usar o feminino. Se não entendeu isso até hoje é porque não quer entender. E se não quer entender não serve para liderar um time de mulheres.
As atletas seguem caladas sobre o clima interno. Focadas no jogo, talvez soltem o verbo quando tudo passar.
Chego a duvidar que é Vilda quem está escalando o time ou propondo estratégias e táticas. Mas essa dúvida não vai durar muito; em algumas horas, ficaremos sabendo.
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