Espanha ganha por todas nós
Um jogo raramente se decide no tempo em que ele é jogado. Não são 90 minutos que definem campeões ou campeãs. É o trabalho que foi feito ate ali.
Espanha e Inglaterra investem há quase uma década no futebol feminino e têm as duas ligas mais organizadas do mundo. Chegaram, com merecimento à final. A taça estaria em boas mãos indo para um lado ou para o outro.
Mas, no confronto direto, a perna pesou para o time inglês.
Meteram uma bola na trave no momento em que o jogo estava disputado equilibradamente mas na sequência levaram o gol e se desesperaram.
Classificação e jogos
A partir daí, num crescendo, não acertaram mais nada e nem mesmo se a juíza desse 50 minutos de acréscimo (foram 13) a Inglaterra seria capaz de empatar.
Deu Espanha.
Mas também deu Haiti, Panamá, Filipinas, França, Austrália, Nova Zelândia, Zâmbia, Nigéria, África do Sul.
Deu todas as meninas do mundo que hoje sabem que podem jogar futebol.
Deu para mulheres que há algumas décadas apanharam ou foram presas por estarem batendo uma bola.
Deu para mostrar a essa sociedade que ainda oprime, abusa, assedia, reprime, objetifica e mata mulheres que as coisas estão mudando.
Deu para que saibamos que a luta transforma a realidade e que só nos resta seguir.
A Copa mais assistida da história. Recorde de público nos estádios. Recorde de engajamento nas redes sociais.
Vence a Espanha, mas vencemos todas.
O mundo não muda na velocidade que a gente gostaria que ele mudasse, mas ele muda e daqui desse ponto não voltaremos mais.
Nos pés de Bonmati, Parauello, Putellas, Hermoso, Paredes e Olga tem também um pouco das nossas dores e dos nossos amores.
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