Fluminense e Fortaleza: um manifesto contra os pontos corridos
Fluminense e Fortaleza tiveram uma semana gloriosa; estão nas semi-finais da Libertadores e da Sulamericana respectivamente. Nas Copas, os dois times têm feito jogos emocionantes diante de suas imensas torcidas que estão lotando e fazendo tremer Maracanã e Castelão.
Times ofensivos, de toques rápidos, corajosos, solidários.
Aos mais românticos como eu era de se esperar que o encontro entre eles resultasse em um excelente jogo.
Foi muita coisa, menos isso.
Jogo truncado, lento e sem emoção, atrapalhado por uma arbitragem a favor de picotar a partida do começo ao fim.
A pegada das copas fica reservada às copas.
No campeonato de pontos corridos a coisa é diferente. Você pode assistir ao jogo fazendo tranquilamente qualquer outra coisa: a lição com o filho, um casaco de tricô para a sogra, a contabilidade da firma.
Ah, mas já temos a Libertadores, a Sulamericana e a Copa do Brasil, não faz sentido ter o Brasileirão também com mata-mata.
Não faz sentido por quê eu perguntaria.
Pontos corridos é coisa boa para europeu. É tradição por lá. É cultural pra eles. A gente aqui gosta de emoção.
Aquele esquema de os oito primeiros fazerem entre eles um mata-mata era bacana.
Alguns dizem que não era justo porque o classificado em primeiro podia perder para o que passou em oitavo.
Mas por que isso não é justo? O que seria justiça? Onde ela mora, do que vive, como se reproduz?
Será que não existiria uma outra fórmula possível que não fosse a dos pontos corridos como é hoje?
Futebol não é sobre mérito. É sobre entrega, alma, espírito, subjetividades, emoção, sentimento.
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Quero receberE também sobre maneiras de criarmos ambientes dentro dos quais a emoção floresça, e evitarmos a grande injustiça que podemos cometer contra esse jogo que tanto amamos: encontros modorrentos como esse realizado em Volta Redonda, que aliás terminou com vitória do Flu com um gol ao apagar das (já fracas) luzes.
Fluminense e Fortaleza não são os times que se enfrentaram em Volta Redonda num jogo tedioso. Mas é esse tipo de cruzamento que o campeonato de pontos corridos normalmente oferece.
Tem quem goste.
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