Chris Flores, do SBT, faz entrevista reveladora com Antony
Antes de voltar para Manchester, Antony falou com a apresentadora Chris Flores sem censurar pergunta alguma. A íntegra vai ao ar (ou foi ao ar dependendo de quando você estiver lendo esse texto) às 15h20 de 8 de setembro no Fofocalizando, do SBT.
Antony respondeu sobre as acusações de Gabriela Cavallin e reconheceu a prática de violências psicológicas e agressões verbais, mas não físicas.
Contou como ele e Cavallin se conheceram e disse que sempre quis mantê-la como amante. Isso porque ele era casado quando o relacionamento começou. Ele, como muitos outros, parece acreditar que é do jogo ser casado e manter uma amante.
Apurei os bastidores da conversa e descobri que Antony se emocionou quando foi perguntado sobre o corte da seleção e sobre a carreira no United. Nesse momento, chorou.
É onde pega para homens: o abalo profissional que denúncias como essa podem provocar.
Nessa sociedade, homens se definem pelo que são profissionalmente, pelo dinheiro, pelo poder e pelo sucesso. Denúncias desse tipo não perturbam pelo que podem ter causado à vida de uma mulher; mas pelo que vai acontecer com suas carreiras, com seu prestígio.
Mas, em relação a Cavallin, Antony disse acreditar que nada vai acontecer com ele - o que pode ser verdade ainda que ele não tenha negado abusos psicológicos e verbais.
Antony parece não alcançar a total dimensão do que está acontecendo e a gravidade das acusações. Parece acreditar que era apenas um relacionamento tóxico sem maiores consequências.
Antony é um jovem periférico que foi socializado num mundo que disse a ele que mulher é objeto e propriedade.
Cresceu, como todos nós, ensinado sobre a superioridade masculina. É compreensível, ainda que bastante ruim, que ele não perceba a seriedade do caso e as consequências disso para a vida de uma mulher que ele disse ter amado.
É triste notar que o comportamento de muitos homens ainda naturalize o machismo e a misoginia a ponto de colocar abusos verbais e psicológicos num patamar menor do que abusos físicos e sexuais.
Triste que homens não percebam as jaulas que o machismo impõe a eles próprios.
Triste que existam (ainda) aqueles que estão num relacionamento monogâmico dentro do qual cabem garçonnières e amantes. Triste que ainda existam homens que se veem no direito de censurar o decote da mulher, fazer crítica à forma como ela se veste, dizer que com esse decote ela não vai sair e praticar agressões verbais e psicológicas como se fosse parte do jogo.
Não é. Nunca vai ser. E o mundo está mudando.
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