Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Corinthians e Cássio: hora de dizer adeus

Pensando em Cássio, no Corinthians e na possível despedida do maior goleiro da história desse clube me veio à cabeça a carta que José Saramago, escritor português, enviou ao governo de Cuba para dizer por que ele, que havia apoiado o regime até aquele momento, não apoiaria mais.

"Cheguei até aqui. De agora em diante Cuba seguirá seu caminho, eu fico por aqui."

Separações são dolorosas quando existe amor, respeito e afeto envolvidos. Ainda assim, por vezes são necessárias. No caso de Saramago, ainda havia tudo isso quando ele teve a coragem de, por discordar de ações do governo de Fidel - governo que ele sempre apoiou com entusiasmo -, tomar a decisão de se separar intelectualmente do andamento das coisas.

O Corinthians precisa dessa coragem para dizer adeus a um de seus maiores ídolos. Foi uma fase de conquistas memoráveis e Cássio deveria ganhar estátua no clube pela liderança que teve na conquista de títulos tão sonhados. Não pode sair sem as devidas honras e, quem sabe, com a camisa 12 aposentada no clube que ele defendeu com paixão.

Agora a vida pede passagem. E a vida, nesse caso, atende pelo nome de Carlos Miguel.

O reserva de Cássio está pronto para assumir o gol e ser um dos líderes do time. Carlos Miguel é goleiro técnico, de envergadura bizarra, um homem fora de escala para os padrões do futebol. Vê-lo entrar em campo enfileirado a outros jogadores coloca tudo em perspectiva: ninguém chega perto de olhar diretamente em seus olhos. Para ver o mundo, Carlos Miguel precisa curvar o pescoço. Para que o enxerguemos, precisamos olhar para cima.

Carlos Miguel tem tudo para ser um jogador que vai deixar suas marcas no Corinthians. Arrisco dizer que ele chega à seleção brasileira. É urgente que ele assuma seu lugar entre os titulares e importante que o Corinthians resista em vendê-lo.

A saída de Cássio marcaria o começo de uma nova fase. A titularidade de Carlos Miguel daria sequência ao plano.

Termino com Leandro e Leonardo porque não se fala em aprender a dizer adeus sem entoar silenciosamente a canção:

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"Não aprendi dizer adeus/Mas tenho que aceitar/Que amores vem e vão/São aves de verão/Se tens que me deixar/Que seja, então, feliz/Não aprendi dizer adeus/Mas deixo você ir/Sem lágrimas no olhar/Se o adeus me machucar/O inverno vai passar/E apaga a cicatriz/ Não aprendi dizer adeus/Mas tenho que aceitar/Que amores vêm e vão/São aves de verão/Se tens que me deixar/Que seja, então, feliz"

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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