Milly Lacombe

Milly Lacombe

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Luana Piovani e um lúcido desabafo sobre covardias que o BBB perpetua

Quando Luana Piovani abre a câmera de seu celular e começa a fazer desabafos espontâneos é certeza de entretenimento. Mas, mais do que isso, é a certeza de que, no meio do ziguezague verbal que vai para todos os lados e fica cheio de pontas soltas, haverá oásis de razão e lucidez.

Luana já colocou a cara no Sol sem reservas quando seu ex, Pedro Scooby, participou do BBB e foi conduzido ao posto de ídolo. Vejam: ídolos não nascem ao acaso: eles são construídos institucionalmente e a mídia tem papel decisório nessa construção.

Quando um pai ausente, disperso e negligente é relativizado em rede nacional de TV, perdem todas as mulheres, todas as mães e todas as crianças do Brasil.

Agora Luana se antecipa a um potencial problema com a escalação de Wanessa Camargo para o elenco do BBB 2024.

Wanessa está namorando Dado Dolabella. Pausa para que a imagem desse homem acusado de tantos malfeitos contra mulheres preencha sua imaginação.

Luana é uma das ex que prestou queixa contra Dolabella. Uma das. Houve outras.

Mas pera, você pode dizer, o cara nem tá no reality, ele apenas namora a Wanessa.

Sim, é isso. Mas, como Luana lembra com bastante razoabilidade, quem não está no reality mas faz parte da vida amorosa de quem está acaba entrando simbolicamente no programa.

Qual o argumento de Luana? O de que o BBB tem responsabilidade social para não fazer, via edição, de um homem tão absurdamente equivocado uma espécie de ídolo.

Continua após a publicidade

Ter o cuidado de não trabalhar para limpar a barra de um cara acusado de tantas coisas horrorosas, resistir à tentação de executar o pacto da masculinidade através de um cuidadoso trabalho de edição e de manipulação de diálogos e imagens, escolhendo pautas convenientes para serem jogadas dentro da casa e, com elas, ir atenuando a figura de Dolabella frente à opinião pública.

E pelo contrário: sempre que houver a chance seria preciso contextualizar violência de gênero, paternidades indecentes, pais escrotos etc.

Luana se coloca, de forma meio destrambelhada, verdade, mas também corajosamente dentro de assuntos importantes. O que ela diz está repleto de lucidez. Wanessa Camargo não pode tampouco ser responsabilizadas pelos erros do homem que hoje ela namora. Deixemos tudo nas costas daquele acusado, inúmeras vezes, de agressão contra mulheres e que agora diz que era agressivo porque comia carne vermelha, proteína que aparentemente ele deixou de ingerir. Um jeito vegano de negligenciar nossa inteligência.

Um dos problemas da masculinidade tóxica é achar que somos todas pessoas muito estúpidas. Não só não somos como temos uma vantagem competitiva em relação a eles: sabemos exatamente do que são feitos, o que pensam, como agem. E eles não têm a menor ideia do que é uma mulher. Conhecer seu inimigo tem serventia.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.