Milly Lacombe

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Por que Cassio e Paulinho tiveram despedidas tão diferentes no Corinthians?

Paulinho e Cassio foram os protagonistas de um dos jogos mais importantes da história corintiana. Contra o Vasco, no Pacaembu, na fase eliminatória da Libertadores de 2012, que seria conquistada pelo Corinthians. Cassio fez uma defesa impossível no chute de Diego Souza enquanto o jogo estava empatado. Um gol naquele momento e o Vasco provavelmente se classificaria, eliminando o time da casa. Paulinho fez o gol da classificação, no finalzinho, e comemorou com a torcida no alambrado deixando de presente a vitória e uma foto histórica. Saiu vestindo a 8, a mais importante das camisas para o Corinthians.

Cassio saiu do clube há poucos dias. Correndo e pelos fundos. Paulinho saiu na noite de 28 de maio. Lentamente e pela frente.

Cassio saiu sem abraçar a torcida. Paulinho saiu no colo daqueles a quem tantas alegrias deu. Ambos são ídolos eternos, mas as despedidas foram diametralmente opostas.

Muito se fala sobre Cassio ter sido um líder, mas coloco nesse símbolo algumas dúvidas. Liderança se exerce de fora para dentro e de dentro para fora. Nunca vi Cassio ser líder do Parque para fora. E já escutei declarações dele colocando o time na fogueira. Líder faz isso?

Líderes compreendem quando a fase não é boa e aceitam liderar mesmo do banco, em nome de alguma coisa maior. Cassio não suportou a reserva.

Erraram Cassio e o Corinthians, que não pensou num planejamento de aposentadoria para o ídolo. Erraram ambos ao aceitarem essa saída minúscula e que não representa a história nem do herói nem a do Time do Povo.

Paulinho soube dizer adeus. Numa noite fria, ele esquentou todos os que testemunharam sua emoção e se emocionaram de volta. Teve o nome gritado, chorou, levou a torcida às lágrimas, foi ovacionado pela arquibancada e pelos colegas. E, de presente, ainda nos deixou com uma frase eterna: O Corinthians é uma cultura.

É. É uma cultura. Um modo de existir, de pensar, de sentir. É o transe coletivo mesmo na eliminação, como foi contra o Boca em 2013, uma das sensações mais significativas que já experimentei. É cantar e dançar a despeito do resultado. É o poropopó do dia a dia, o pra lá e pra cá da vida, a certeza de que o impossível é um lugar alcançável. Paulinho representou essa cultura. Paulinho fala a língua dessa cultura. Paulinho enriqueceu essa cultura. Já Cassio, depois de saída tão apequenada, vai precisar do tempo e do afastamento histórico para readquirir seu real tamanho na história alvinegra.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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