Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Por que o Botafogo é o time mais fascinante do ano até aqui

Ver o Botafogo de Arthur Jorge jogar é bastante agradável. Um time que toca a bola com elegância e desenvoltura, que atua buscando o gol dentro ou fora de casa, que tem um meio de campo criativo e de comportamento levemente anarquista, e um ataque cativante, com Luiz Henrique e Junior Santos correndo de forma livre.

A defesa, completamente reformulada desde a temporada passada do goleiro à lateral esquerda, se mostra sólida e parece entrosada. O time é capaz de jogar bem com a bola nos pés e sem a bola nos pés. Sabe pressionar e, como no ano passado, contra-ataca por música.

Embora o ataque seja a parte mais badalada do time, com três atacantes rápidos e criativos (Junior Santos, Savarino e Luiz Henrique), dando-se ao luxo de deixar Tiquinho no banco, é o meio de campo que me encanta, com três volantes que sabem atuar como meias e que aparecem para concluir dentro da área quando necessário: Danilo, Tchê-Tchê e Marlon Freitas. Arthur Jorge tem ainda a opção de usar o talentoso meia Eduardo que, contra o Corinthians, foi desfalque. É nesse setor que o time se mostra mais inspirado, entrosado e livre e se movimenta anarquicamente abrindo espaço para que, de forma alternada, os volantes atuem também como meias ou atacantes.

Pesa agora a favor do Botafogo a tragédia de 2023. Explico: um time que foi do céu ao inferno em poucas rodadas, e que tinha a taça nas mãos, consegue se reerguer vem com musculatura moral de caráter e, readquirindo confiança, tem o recurso da volta por cima que é sempre perigosíssimo.

Enquanto o Palmeiras busca encontrar novas formas de jogar, o Flamengo vive sua gangorra particular, o Galo quebra a cabeça para manter um estilo vencedor de jogo e o Fluminense procura se reencontrar com a pulsão de vida em campo, é o Botafogo que faz minha paixão pelo futebol vibrar, mesmo quando me entristece vencendo o time do meu coração.

É bonito ver o Botafogo em campo e é bonito perceber a vida oferecer a chance da volta por cima. Se o Botafogo levantar uma taça esse ano - e as chances são bastante boas - a torcida experimentará um tipo de catarse que só conhecem aqueles que fracassaram retumbantemente e foram capazes de se recuperar. É desse modo que o futebol ensina a gente a viver.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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