Peço apenas que o império do futebol careta e protocolar não te capture
Levei alguns dias para começar a absorver a saída de Fernando Diniz do Fluminense. Havia em mim a esperança de que ele encontrasse um caminho para dar a volta por cima. A esperança de ver outra vez o Fluminense jogar um futebol diferente, alegre, solidário, ofensivo, inovador. A esperança de ver dentro de campo aquilo que nossa cultura é fora dele. O Brasil das frestas, como diz Luiz Antonio Simas. Mas não aconteceu. E ele foi embora.
Não queria aqui debater a saída, quero falar do passado. E o passado foi imenso.
Entre 2022 e 2023, o time de Diniz me deixou sonhar. Vendo aquele Fluminense em campo fui arrastada outra vez para as arquibancadas do Maracanã onde durante tantos anos me sentei ao lado de meu pai.
Diniz trouxe meu pai um pouco de volta para mim. Vendo aquele Fluminense me senti de novo perto de Gil, Doval e Dirceu. De Rivelino. De Assis e de Washington. De Edinho, Paulo Cesar Caju, Pintinho, Cafuringa, Felix.
Em 2022 não fomos campeões, mas fomos felizes ali debaixo da marquise. Dançamos, cantamos, sentimos. Queríamos mais? Alguns de nós, certamente. Mas e 2023 não tivesse acontecido eu já teria 2022 na mais alta conta.
Vitória, Fluminense!
Bem, vencemos. Vencemos grandiosamente. Vencemos alegremente. Vencemos soberanamente.
Tem quem acredite que o Dinizismo não existe ou que é uma farsa. Não é uma farsa para quem sentiu. Não é uma farsa para quem acredita que o jogo é muito mais do que canecos. Que trata de comunidade, de um por todos, de novos jeitos de existir e de conviver.
Tem quem ache que um Dorival não faz verão. Estarão errados? Não sei. O que sei é o que senti em 2022 e 2023.
Diniz é falho e erra.
Assim como todos nós, está em uma jornada que pode levá-lo a amadurecer.
É com ele agora encarar os monstros que o fizeram perder a mão com o time. Só ele sabe onde errou e onde pode melhorar. Só ele sabe onde pega quando, sozinho em seu quarto de hotel, precisa encarar o espelho.
Diniz seguirá e eu posso apostar que vai fazer outra torcida feliz.
Da minha parte, só agradecimentos.
Peço apenas para que o mundo do futebol não o adestre para se adaptar ao tedioso e covarde jogo posicional.
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Quero receberQue Diniz siga sendo resistência contra essa forma apequenada de jogar. Que não se ajoelhe para a ditadura da vitória a qualquer custo. E que um dia ele volte porque fico com a sensação de que tem mais história para ser escrita com as três cores que traduzem revolução.
Obrigada, Fernando.
Um dia queria te abraçar e te contar como você me fez feliz. Em meu nome e no do homem que me fez amar esse jogo e essas cores, e já não está mais aqui, obrigada.
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