Milly Lacombe

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Corinthians, Fluminense e duas tragédias muito diferentes

O poliamor futebolístico tem suas complexidades. Vejam por exemplo minha situação nesse momento: os dois clubes que fazem meu coração bater mais forte são os últimos colocados na tabela. Ambos tem 13 jogos e apenas uma vitória (a do Corinthians foi justamente sobre o Fluminense). O Corinthians tem 9 pontos e o Fluminense 6 pontos. O Fluminense acaba de contratar novo treinador: Mano Menezes. O Corinthians demitiu Antonio Oliveira e busca um nome capaz de salvá-lo da tragédia iminente. Para escapar do rebaixamento ambos terão que fazer campanhas de recuperação.

Mas eu argumentaria que as tragédias, a princípio tão parecidas, são bem diferentes.

O Fluminense é o atual campeão da América, segue vivo na Libertadores e é um clube que vem há anos trabalhando para se equilibrar financeiramente. Fora de campo a casa não caiu, muito pelo contrário. O jovem presidente Mario Bittencourt não está envolvido em escândalos, é um advogado ponderado e cercado de profissionais experientes. Se houver uma saída, o Fluminense vai encontrá-la.

No Parque São Jorge as coisas são um pouco diferentes.

O Corinthians é uma bagunça administrativa. Deve dinheiro demais, está mergulhado em suspeitas que passam por corrupção e outros malfeitos, não tem dinheiro para contratar, não consegue enxergar horizonte algum, tem torcida invadindo a sede, tem presidente falando mansinho com invasores, tem muita falação e pouca ação.

O elenco do Fluminense, embora bastante maduro, é mais qualificado do que o corintiano. A maturidade, nesse momento, pode ser de grande serventia. Em campo, o Corinthians é um dos mais fracos em anos.

Com 13 rodadas disputadas e 25 faltando o Brasileirão vai se aproximando da metade. Tem ainda 75 pontos a serem disputados, o que significa dizer que os dois times terão que começar a ganhar e ganhar e ganhar para colocarem a cabeça para fora da água que os afoga. Para os dois clubes o Brasileirão terá que estar concentrado em não cairem.

Se o Fluminense for eliminado da Libertadores pelo Grêmio o cenário se complica um pouco porque o abalo emocional será ainda mais pesado. Se passar pelo time gaúcho pode encontrar, de novo, alguma alegria em campo. Mano é um treinador experiente cujo maior desafio agora é refazer o grupo no vestiário. Um time que há seis meses conquistou a América pode encontrar recursos para escapar da tragédia.

O Corinthians não tem Libertadores para jogar. Tem apenas a segunda divisão do torneio continental, o que não é grande coisa nesse momento. Passar de fase não vai acrescentar muita moral.

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Espero honestamente que esses dois gigantes deem seus jeitos de não caírem. Mas, lá no fundo, entendo que o Corinthians masculino vem buscando essa queda há anos. Se acontecer, estará na conta das administrações recentes, incluindo a de Augusto Melo mas não apenas ela.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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