Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Rebaixamento é o menor dos males no horizonte corintiano

Focar em não ser rebaixado é um erro estratégico que o Corinthians comete. Mais um, diga-se.

Claro que o rebaixamento é sempre sofrido, a arrecadação diminui consideravelmente, e o clube se afasta do centro do palco. Mas o resultado esportivo não pode, nesse momento, ser a maior preocupação. Até porque ele é consequência do que está fora do campo.

O Corinthians deveria estar preocupado em arrumar as contas. Pegar a tal da consultoria feita pela E&Y e estudar, linha a linha, o que está ali. Começar a reestruturação com um planejamento da base. Pegar uma lista do nome dos empresários que mais trabalham com o clube, entender quem circula por lá livremente, e colocar um ponto final nessa farra.

Depois, iniciar uma reformulação do conselho. Colocar para dentro mais diversidade, mais mulheres, mais gente com a cara da torcida. Em paralelo, pensar em uma forma de trazer a torcida para a mesa. Deveres e direitos. Formar um conselho extraordinário de notáveis corintianos e corintianas e pensar em saídas criativas para esses tempos de SAF.

Enquanto trabalha, comunicar o passo a passo à massa corintiana explicando que o rebaixamento seria uma tragédia, mas que, se acontecer, vai ser superado. A tragédia é uma importante dimensão de nossas vidas e há momentos em que apenas uma ruptura como essa pode servir para transformar em cinzas o que já não serve mais.

Não me parece que essa diretoria saiba o que está fazendo. Não é possível saber se tantos erros são fruto de má vontade, ignorância ou loucura. O que é possível afirmar é que o Corinthians tem a liderança mais destrambelhada da história do futebol. Graças a essa gente, o time não tem goleiro, não tem patrocinador, não tinha treinador e muito menos paz de espírito. O que sobra por lá é suspeita de crimes, desvios e baderna.

Evitar o rebaixamento a qualquer custo, acabar o campeonato na zona morta da tabela, ali pela 15º posição, e não mudar a estrutura vai atrasar qualquer vestígio de renascimento e apenas adiar um rebaixamento iminente.

Mas a situação é tão grave que nem um impedimento de Augusto Melo resolveria a questão se, com ele, tivéssemos a volta dos antigos dirigentes. É um completo filme de terror de baixo orçamento o que estamos vendo.

E agora chega Ramón Díaz, o treinador que acredita que mulher não combina com futebol. Alguém faça o favor de dizer a ele que no Corinthians atual a única coisa que se salva é o time feminino. Depois, puxem o argentino de lado e aconselhem o cara a pedir desculpas explicando que 54% dessa massa é composta de mulheres. Dito isso, que Díaz tenha juízo e sorte.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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