O repugnante machismo em Lula
Lula cometeu mais uma declaração machista. Dessa vez, ao comentar pesquisa que indica que a violência contra mulheres aumenta em dias de jogos de futebol, disse, depois de criticar brandamente esse horror, que se o cara for corintiano então tudo bem.
Além de não ser engraçado, o que disse Lula é violento.
É violento porque esvazia a seriedade da pesquisa, esvazia a gravidade do contexto e ridiculariza esse tipo de crime.
Não era momento para tentar emplacar piadas, gracinhas ou coisa parecida. Não importa o que ele quis dizer, importa não ter conferido seriedade a um assunto sério.
Mas se o machismo de Lula ficasse reservado a uma brincadeira infantil talvez não fosse assim tão grotesco. A questão é que o machismo de Lula é bem maior do que uma piada fraca; ele está entranhado em suas ações. E isso serve de alerta para todos os que dizem "foi só uma piada". Nunca é só uma piada. A piada é apenas o sintoma da doença, que é grave mas para a qual há cura.
Vejamos a doença em Lula.
Lula se recusou a nomear para o STF uma ou duas mulheres para as vagas em que podia indicar novos ministros. Compôs uma corte com apenas uma mulher. Disse, na época, que não cederia a pautas identitárias. Mas cedeu. Cedeu fortemente porque ser homem heterossexual é uma identidade, a identidade dominante, inclusive. Ao nomear mais dois homens ele se curvou à pauta identitária hegemônica.
Lula formou um ministério com algumas mulheres para depois, em nome do fisiologismo, sair demitindo justamente elas. Usou as mulheres como moedas de troca de forma premeditada.
Se Lula não reconhece a masculinidade heterossexual como uma identidade que deve ser combatida em nomeações para cargos de poder, então ele está infectado de machismo.
Cercado de homens exatamente como ele em seu grupo de conselheiros vai ser mesmo difícil que ele se desinfecte de tanto preconceito.
Lula, sempre que fala livremente, desliza no machismo e na misoginia. São dezenas de situações que exemplificam o que ele pensa a respeito do tema. Outro dia, durante as enchentes no Rio Grande do Sul, disse que máquinas de lavar roupa são importantes para mulheres. Sim, Lula é um homem de seu tempo, mas isso não serve para desculpá-lo por colocações tão erradas e violentas.
Lula é um político que não tem medo de dizer que não sabe e que vai aprender. Tem aprendido ao longo dos anos. Mas seu letramento feminista está bastante superficial. Seria preciso recuperar o tempo perdido, entender a dimensão feminina da classe trabalhadora, entender a delinquência embutida no regime binário da diferença sexual.
O machismo e a misoginia são a área comum entre direita e esquerda. É nesse ambiente que homens de todas as ideologias se lambuzam e se congratulam uns aos outros.
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