Milly Lacombe

Milly Lacombe

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

Brasil de Arthur Elias escancara o terrível erro que Pia cometeu com Marta

A sueca Pia Soundhage chegou ao Brasil como grande nome do futebol para colocar ordem na casa no que dizia respeito ao jogo das mulheres brasileiras. Com pompas e recebendo o devido respeito pelo trabalho que ela exerce há anos no futebol feminino. Poderíamos argumentar que, de certo modo, ela organizou as coisas. Mas a que custo?

Pia trouxe com ela o rígido modelo do norte europeu de treinar e de jogar. Tentou moldar o futebol feminino a posições e fundamentos. Muita ordem. Pouco progresso.

Saiu sem ter conquistado nada de relevante. Com a saída dela depois da Copa do Mundo de 2023, a CBF chamou Arthur Elias, treinador do Corinthians. Um treinador jovem e que respeita nossa identidade cultural. Mais: sabe o que Marta representa para o esporte.

Pia nunca entendeu quem era Marta. Diminuiu como pôde o tamanho desse fenômeno do futebol mundial. Marta, educada, aceitou jogar fora de posição e, depois, ficar no banco. Estava sendo tratada como uma ex-jogadora. Fosse marrenta, teria se imposto. Pia achava que Marta era atacante. Pior: ponta. Triste e desrespeitoso. Assim como foi um desrespeito ela ter passado mais de 4 anos aqui sem ter aprendido a falar a língua de quem a contratou.

Arthur Elias sabe quem é Marta e como o time depende dela. Como qualquer time do mundo dependeria de uma jogadora com esse nível de talento. Mudou tudo na seleção desde que Elias chegou. O treinador renovou o elenco e convocou Marta para jogar onde jogam os camisas 10: na organização do jogo e livre para se posicionar onde acha de deve estar do meio para frente.

O time de Arthur Elias joga mais solto. Corre mais riscos porque não tem tantos medos, verdade. Mas também ataca mais e de forma coletiva. Como era o Corinthians que ele dirigiu. Bonito de ver. Ousado. Solidário. Alegre.

Contra a Nigéria pela estreia olímpica quem resolveu a parada foi a genialidade de Marta que, num passe brilhante da intermediária, deixou Gabi Nunes na cara do Gol. Marta correu, marcou, armou, cruzou, lançou, criou. Mais madura mas com o mesmo talento para ler a partida.

Pia, se viu com atenção o jogo contra a Nigéria, entendeu como errou com Marta - e com o Brasil. Tinha sob seu comando a maior de todas e escolheu ignorar tanto talento. Ainda bem que foi embora em tempo hábil para que Marta voltasse a ser escalada da forma correta.

Agora é um jogo por vez para tentar uma medalha. Vai ser duríssimo porque há adversárias que estão voando, como a Espanha. Seja como for, já estamos jogando de forma mais brasileira e a Rainha está sendo respeitada.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes