Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

O jogador mais fascinante do ano até aqui

Fico sempre incomodada quando alguém aponta um jogador como o melhor de qualquer coisa. Do campeonato, do ano, da temporada, do que for. Troféus que individualizam um esporte coletivo também contam com minha implicância. O que não quer dizer que não possamos nos sentir mais emocionados ou emocionadas com alguns nomes em particular.

Pedro e Nico de la Cruz, do Flamengo, me entusiasmam. Estevão, do Palmeiras, me comove demais pelo excesso de talento e respeito aos valores do futebol em uma idade tão precoce. Arias e Ganso, do Fluminense, também têm lugar no meu coração. Lucas, do São Paulo, e Everton Ribeiro, do Bahia, são outros dois que paro para ver jogar. Vic Albuquerque, do Corinthians, me cativa demais porque é dessas jogadoras que não desistem jamais e que respeitam ao máximo a identidade do time em que atua. Há um tanto de outros e de outras no futebol brasileiro, mas queria falar de um em especial: Matheus Pereira, do Cruzeiro.

Um meia clássico que se coloca em campo com um tipo de inteligência que é mesmo pungente. Matheus é um 10 tradicional adaptado ao futebol atual. Ao lado de Ganso, cumpre uma função que parece estar morrendo por aqui. Não temos na seleção brasileira um jogador como ele. Basta ver 20 minutos de Matheus Pereira em campo para entender como o meia se destaca nas funções que executa, no modo como se movimenta, na liderança tática, nas bolas que faz circular. A campanha do Cruzeiro no Brasileirão é bastante decente e eu não sei se, sem Matheus, o time estaria tão bem.

Mas não é só isso. A história de Matheus Pereira é cinematográfica e cheia de dimensões humanas com as quais podemos nos identificar. Saiu cedo do Brasil para Portugal com a família em busca de uma vida melhor, quase foi barrado com os irmãos tentando entrar no país, saiu de casa cedo para tentar ser jogador, conseguiu lugar no Sporting, foi reconhecido por seu talento e enfrentou uma depressão avassaladora que quase o fez desistir da vida. Ele escreveu sobre tudo isso num texto dilacerante para o Player's Trubune: "Sempre haverá estrelas no céu". Matheus falou de forma escancarada, sem ressalvas, com a consciência de que falar sobre suas vulnerabilidades provocaria duas reações: ajudaria outros e o tornaria mais forte.

Aos 27 anos chegou a Belo Horizonte e fez do Cruzeiro sua casa. Hoje, aos 28, é ídolo.

Por tudo isso acho que Matheus Pereira é o cara até aqui se tivermos que destacar apenas um entre tantos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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