Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Por que a contusão de Pedro é uma tragédia

Passamos pela vida tentando evitar o sofrimento mesmo sabendo que é impossível e que, muitas vezes, ele não tem hora para chegar. Pedro, o talentoso atacante flamenguista, estava no auge da carreira. Era, num time de estrelas, a maior delas. E se tornou a maior por pura dedicação. Antes de virar uma unanimidade, passou um tempo como reserva do badalado Gabriel, foi preterido por treinadores, foi agredido fisicamente por um auxiliar. E, ainda assim, seguiu seu destino. Batalhou, trabalhou, insistiu. Até se tornar o cara, a referência, o nome mais gritado do clube mais popular do Brasil.

Foi convocado com méritos por Dorival para as Eliminatórias de setembro e já saiu vestindo a camisa de titular no treino. Deu entrevista na chegada desfilando simpatia e uma incontida alegria por vestir a camisa da seleção, agora como um de seus nomes inquestionáveis.

No segundo dia, rompe o ligamento do joelho.

Uma contusão que o afastará dos campos por nove meses pelo menos. Provavelmente terá que ser operado porque ligamento rompido só mesmo com cirurgia.

Pedro, de uma hora para a outra, foi do céu ao inferno. O tratamento é solitário, dolorido, exige disciplina rígida, muito tempo em casa, muitas horas de jogos pela TV pensando que ele poderia estar lá. A cabeça, essa parte da gente que nos tortura e remói, vai precisar de ajuda.

É, sob qualquer aspecto, uma tragédia particular.

E também pública porque ela afeta 40 milhões de torcedores que contavam com Pedro para que o Flamengo levantasse uma taça esse ano.

Podemos abordar o fato de Pedro estar voltando de contusão na coxa, certamente haverá quem relacione essa contusão ao rompimento do ligamento - quem já passou por isso sabe que o músculo da coxa protege os joelhos de acidentes como esses - e a convocação será questionada porque ele talvez precisasse de mais tempo para voltar. Tudo serve de campo para debates e diálogos. Mas o que me interessa aqui é falar da tragédia, essa dimensão tão importante em nossas vidas.

Todas e todos precisamos lidar com ela. Impossível dribá-la. Ela chega. E chega mais de uma vez. A gente segue. Pedro seguirá e voltará. É craque, é jovem e a torcida estará esperando pelo dia em que ele pisará outra vez no Maracanã com a camisa rubro-negra. Que ele tenha forças para passar por essa queda abrupta entre a euforia e a tristeza da melhor forma possível.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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