Milly Lacombe

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Com hexa, Corinthians mistura sua história à história do futebol feminino

O futebol feminino brasileiro deve muito ao Corinthians, às mulheres que vivem esse time de dentro para fora e à torcida que tem lotado o estádio sempre que o time se apresenta para uma final.

Mas não se enganem: o Corinthians feminino não é essa potência porque os administradores um dia acordaram e decidiram apoiar mulheres.

O movimento interno para estudar e planejar foi feito por mulheres conselheiras lá em 2015 (contamos essa história aqui). A partir de um estudo pedido por elas e que mostrou que a torcida do clube era composta por quase 54% de mulheres o jogo começou a virar porque o interesse pelas mulheres ganhou outros tons. Cris Gambaré, hoje na CBF, foi contratada para trabalhar na organização e montar as bases dessa história que hoje é de sucesso absoluto e inquestionável.

Contra um valente São Paulo, e diante de mais de 44 mil torcedoras e torcedores, o Timão, que tinha a vantagem de dois gols para o último jogo da final, conquistou o Brasileiro de 2024 nesse domingo, 22 de setembro. É o maior público do futebol feminino na América do Sul, superando a marca da final do ano passado, também na casa do Corinthians, que era de 42 mil. O recorde não é do Corinthians; é do futebol feminino e todas nós que amamos esse jogo, a despeito do clube para o qual torcemos, sentimos a emoção de um público como o da final entre Corinthians e São Paulo. O número de jornalistas cobrindo o evento também foi recorde: mais de 400, informou Ana Thais Matos durante a transmissão da Globo, que passou o jogo para o país inteiro.

Compreender a luta das mulheres pelo direito de jogar bola é compreender por que quando o placar no estadio anuncia o público as arquibancadas vibram. Esse mesmo Corinthians, há oito anos, se exibia para 30 pessoas. Houve uma época em que mulheres foram proibidas de jogar no Brasil. Ver o estádio lotado emociona e confirma que, com um pouco de trabalho sério, a torcida se apresenta, a audiência liga a TV, o jogo conquista seu espaço.

Nada é por acaso ou chega sem luta, pela benevolência voluntária de quem está no poder. É preciso organização, diálogos, paixão. E essa conquista absurda do time feminino do Corinthians pertence às mulheres do começo ao fim. Um brinde ao Movimento Toda Poderosa Corinthiana, que participou ativamente da construção dessa jornada. Que a atual administração, até aqui tão destrambelhada, não destrua tudo o que foi construído com tanto amor.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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