Milly Lacombe

Milly Lacombe

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
OpiniãoEsporte

O espírito corintiano pulsa apenas no sangue das Brabas

O elenco feminino do Corinthians fez um vídeo sobre o vergonhoso tratamento que a Conmebol deu à Libertadores. Depois de levantarem o pentacampeonato no Paraguai, as atletas soltaram nas redes sociais uma declaração de repúdio dirigida à organizadora da competição. As Brabas não estavam falando por elas - elas venceram, afinal -, mas por todas as equipes, por todas as mulheres que jogam bola, pelo futuro do esporte. Corajoso. Ousado. Inovador. Altruísta. Solidário. Sem precedentes.

Querem saber o que é o Corinthians? É isso.

O Corinthians é entrega desmedida em campo e fora dele. E esse estado de espírito hoje só existe no time feminino. O masculino está jogado nos mandos e desmandos de um corpo diretor que há muitos anos esfacela tudo, matando valores básicos.

O CEO do clube vem do partido Novo e tem sotaque carioca. O que o espírito corintiano tem a ver com as práticas e os valores do partido Novo, alguém sabe dizer? Onde foram parar os anseios da classe trabalhadora tão associados a essa camisa? No time feminino.

A ideia de que existe um "gestor generalista" que pode chegar e resolver tudo sem estar minimamente ligado à alma de um clube é uma ideia absurda.

A ideia de que o clube pode seguir contratando sem resolver seus problemas financeiros - contratando sob aprovação do gestor, aliás - é igualmente absurda. Vale tudo para ganhar em campo? Ganhar o quê? O que o Corinthians masculino está ganhando?

Ganhar não é tudo, mas entrar em campo e se apresentar com a alma do clube deveria ser inegociável.

Nos dois jogos diante do Flamengo o Corinthians foi tudo menos Corinthians. O time esteve tão arrebatadoramente esvaziado de personalidade que no segundo jogo nem mesmo a torcida fez a diferença. No dia que o Corinthians perder a loucura de sua torcida ele terá finalmente perdido tudo.

Continua após a publicidade

Ao masculino, resta agora a dura missão de não cair para a série B em 2025 e uma Sul-Americana que talvez devesse ser negligenciada para que o foco seja escapar da queda.

Ao feminino resta seguir nessa luta por direitos e respeito. E elas fazem isso empilhando taças. Vai, Corinthians. É nas mulheres que você resiste.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes