Como um chute para o gol pode ter mudado o destino de Endrick no Real
A partida era contra o Stuttgart, em setembro, pela Liga dos Campeões. O jogo estava duro, mas, como quase sempre acontece, o Real Madrid iria encontrar um caminho para a vitória.
Jogo empatado, segundo tempo, um a um. Aos 36 minutos, num escanteio, o Real marca o segundo. O Stuttgart seguiu pressionando em busca de um novo empate. E então, aos 45, Endrik recupera uma bola depois de escanteio para o rival e sai em disparada correndo o campo inteiro, da sua zaga à zaga do Sttutgart, com Mbappé aberto à sua esquerda e Vini à sua direita.
A marcação segue com ele, e tanto Vini quanto Mbappé se colocam em condições claras de marcar o terceiro. Passar a bola para um desses dois pilares do time era a alternativa mais segura, especialmente se pensarmos que aquele carregando a bola era um garoto que tinha acabado de chegar ao maior clube do mundo e, correndo com ele, havia dois dos maiores ídolos do futebol mundial.
Mas Endrick não passou. Ele se aproximou da área e, petulantemente, chutou. Um ato de pura coragem e ousadia. Se perdesse, estaria em apuros.
O que ele não sabia é que, ao marcar, estava se metendo numa enrascada ainda maior.
Endrick fez o gol e Mbappé se negou a comemorar. Abaixou a cabeça e saiu de cena com cara de poucos amigos. Vini, mais parceiro, até foi celebrar, mas não escondeu o incômodo.
Depois do jogo, Ancelotti, experiente, evitou celebrar Endrick e reforçou que a jogada mais segura seria passar. Antes do jogo contra o Sttuttgart Endrick vinha sendo festejado pelo treinador de todas as formas possíveis e era escalado sem muitas ressalvas. Depois, tudo mudou.
E, desde então, Endrick vem perdendo espaço. Agora existe a chance de ser emprestado. Não acho que nada disso seja dramático. Casemiro levou bastante tempo para se formar no Real e virar um ídolo. É absolutamente normal que as coisas aconteçam dessa forma. São as vaidades internas, os lugares marcados, a luta por se firmar, se misturar, ser aceito e amadurecer.
Não há muito o que se criticar. Talvez apenas a postura arrogante de Mbappé, que foi incapaz de compreender que dessa ousadia revelada por Endrick pode sair ainda muita coisa boa.
O rebote de um lance tão cheio de beleza e coragem veio rápido. Enquanto eu via o time do Real reagir ao que fez Endrick naquela partida, especialmente a declaração comedida de seu treinador, pensei: isso vai dar ruim para ele.
Eu não duvidaria que Endrick, ao chutar para o gol, tenha determinado seu destino a curto prazo. Se for emprestado, ele certamente voltará para brilhar. É craque, é ousado, é jogador para o presente, mas ainda mais para o futuro.