Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Um bizarro entorpecimento de trinta minutos custa o título ao Cruzeiro

Uma final com cara de final: estádio lotado, torcidas vibrantes, emoção garantida. Nesse cenário é comum que o elevador entre tragédia e êxtase funcione de modo mais intenso. Cruzeiro e Racing disputaram a final da Sulamericana e entregaram o espetáculo que deles se esperava. Ganha a Sulamericana, esvaziada em suas finais mais recentes, jogadas em estádios semi-vazios e oferecendo partidas sem graça.

O Cruzeiro de Fernando Diniz começou em estado de paralisia e entorpecimento. Levou logo três gols (um deles anulado pelo sacrossanto VAR, que errou) e, na iminência de um vexame histórico, Diniz fez uma alteração aos 30 minutos de jogo: tirou Walace, responsável direto por um dos gols (Cassio falhou em ambos) e colocou Lucas Silva. Climão. Walace saiu e foi direto para o vestiário sem falar com ninguém, envergonhado com a desmoralização da substituição. O fato é que o Cruzeiro melhorou.

Quem viu o Fluminense de Diniz na Libertadores de 2023 sabe que um primeiro tempo quase trágico pode perfeitamente ser seguido de um segundo tempo de glória. O Cruzeiro voltou voando e logo fez seu gol. Dois a um e promessa de muita emoção pela frente. Futebol, não é? Cruzeiro pressiona, ataca, quase marca, pressiona mais. O Racing está nas cordas. Mas o gol não sai e Diniz vai fazendo alterações para deixar o time a cada uma delas mais ofensivo. Poderia ter empatado e virado, mas, ao optar pelo tudo ou nada, ficou com o nada e aos 50 do segundo tempo levou o terceiro gol.

Isso é Dinizismo. Há vulnerabilidades, há apagões, há trepidações mas tudo pode sempre mudar num passe de mágica. Nesse 23 de Novembro, não deu. O Racing fica com a taça porque se impôs pelos 30 primeiros minutos e depois conseguiu se segurar como deu. Festa histórica para um time que não ganhava nada há quase 40 anos e que quase faliu. O treinador Gustavo Costas, aos prantos, deu a medida do que sentia a torcida. Ele, assim como os que estavam na arquibancada, é um torcedor apaixonado, que também foi titular de um Racing vibrante nos anos 80.

Cruzeiro volta com a missão de lamber as feridas. Deixarão Diniz trabalhar o time para 2025 ou a derrota vai decretar o fim de um trabalho que mal começou? Fica o questionamento.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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