Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

A torcida mais frustrada, revoltada e sofrida do ano

O que 2023 foi para a torcida do Botafogo, 2024 acabou sendo para a do Galo. Um ano que se anunciava memorável e que acabou em dor, frustração e sofrimento. Um ano que deixa a massa atleticana entre a revolta e a tristeza. A torcida do Fluminense teria sido eleita por mim a mais sofrida se a do Galo não tivesse precisado lidar com dores mais intensas. A do Fluminense pode, inclusive, terminar o ano celebrando. Pouco, pouquíssimo para quem conquistou a América em 2023, mas suficiente para não derrubar a moral por completo. Já o Galo; ah, o Galo doido.

Faltou ao Atlético a pegada decisiva na hora derradeira. Contra o Flamengo - em dois jogos - e contra o Botafogo em final única. Um elenco que se provou forte e capaz ao longo do ano mas que, no momento de se mostrar mais guerreiro, pareceu entorpecido.

Minha experiência com o futebol diz que clubes que entram em campo como o Galo entrou nas finais da Copa do Brasil e da Libertadores têm, mais do que problemas táticos e técnicos, problemas de relacionamento. Não acho que existam dúvidas sobre a qualidade desse time atleticano. Vimos jogos memoráveis e sabemos do potencial de jogadores como Hulk, Scarpa, Paulinho, Arana e Éverson. Era time para enfrentar Flamengo e Botafogo com muita autoridade. E não foi o que vimos. Perder final de jogo único atuando com um a mais por 90 minutos é sim uma tragédia.

O que estaria acontecendo internamente? Já tínhamos visto jogadores baterem boca ainda em campo, soubemos de brigas no vestiário, e não era difícil notar como um apontava para o outro quando alguma coisa não dava certo. O futebol comporta alguma rusga, mas não nesse nível e não com esse tipo de escancaramento. É bastante difícil tirar de um elenco rachado a força necessária para competir adequadamente numa final.

A responsabilidade é da equipe técnica e do cuidado dado à parte emocional. O Galo mostrou que, mentalmente, não foi capaz de segurar a onda.

O futebol é assim. Temos que lidar com as frustrações e manter a confiança em reviravoltas. A única certeza que temos é a de que elas acontecerão. Não sabemos quando, mas esse dia virá. E a massa, por causa da memória da dor, vai alcançar um tipo de êxtase ainda maior.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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