Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Brasil leva os principais prêmios da Fifa e nenhum deles envolve Vini Jr.

Vini Jr. venceu de forma justa e lavou a alma daqueles que entenderam o óbvio: ele perdeu o prêmio da revista francesa para Rodri por racismo. Ah, mas Rodri então é um jogador ruim?, argumentam os que teimam em ficar sempre na parte rasa de tudo. Não, Rodri é um jogador extraordinário. Mas, por motivos já debatidos à exaustão, não foi decisivo como Vini na temporada em questão. Ninguém foi. Vini perdeu para o "educado" Rodri porque Vini irrita racistas dentro e fora de campo.

Isso dito, o fato é que eleger "o melhor" em um jogo coletivo é cometer injustiças enormes. Sempre foi e sempre vai ser. Não deveria existir um prêmio como esse. Ele flerta com o ridículo. Futebol é conjunto, é comunidade, é relacionamento.

Quem, como eu, acredita nisso então não terá dificuldade em entender que foram outros dois brasileiros os grandes campeões da noite no Qatar. O menino Gui, torcedor do Vasco, e Tiago Maia, volante do Inter. Gui Gandra venceu como torcedor e Maia levou o "Fair Play"- jogo limpo, jogo justo. Gui, que tem uma condição de fragilidade em sua pele que limita bastante as coisas que pode fazer e os abraços que pode dar, é um garoto apaixonado pelo Vasco que, ao falar sobre sua paixão, revela toda a potência afetiva do futebol. É amuleto, é ensinamento, é comovente. O jogo o faz superar as piores dores e o deixa sonhar com o futuro. Gui ama o Vasco mas não faz isso odiando os rivais. Gui representa o melhor do futebol e vê-lo levar o prêmio fez o mundo inteiro chorar.

Maia, que saiu do conforto de sua casa em Porto Alegre para ir ajudar pessoas em situação de inundações durante as enchentes provocadas por gestões horrorosas de prefeituras e governo estadual, levou o troféu que mostra como o futebol se espalha pela vida e não se limita ao campo de jogo. Muitos outros jogadores poderiam ter ficado com esse prêmio por suas ações nas enchentes, verdade. Do Grêmio, do Juventude e outros do Inter. Teria sido importante a Fifa falar seus nomes e mostrar o que fizeram. Mas a festa foi estranha, foi corrida e precisava passar rapidamente por tudo.

Marta e Gabi Portilho também brilharam. Marta vai brilhar para sempre já que ela dá nome a um troféu, assim como faz Puskas no masculino. Mas nada se compara ao Menino Gui e a Tiago Maia. A noite foi deles. E foi, assim, do Brasil.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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