Todo fim está grávido de um começo
Acabou. Dois mil e vinte e quatro está se retirando de cena. Um ano estranho, pelo menos para mim. Estranho não é necessariamente ruim. Estranho é a sensação de que vivi coisas para as quais não tinha referência de sentimentos. Novas dimensões de uma luta que eu chamo de minha - essa contra o machismo -, novas pessoas, gente que chega, gente que sai. Novas parcerias com velhas amizades. Novas amizades com pessoas que já estavam por perto.
Um ano corrido e, em certa medida, solitário. O que - outra vez - não é ruim. Uma vez li que se você não se sente bem sozinha ou sozinho é porque está em má companhia. Eu me sinto bem sozinha. Me distraio, me ocupo, danço, cozinho, vejo a grama crescer, estudo, escrevo. Canceriana com ascendente em touro. Entendedoras entenderão.
Mas o que eu queria mesmo dizer é que se absolutamente nada muda entre a meia noite de um dia e a meia noite e um minuto do outro - no sentido de o universo escutar a festança e assim saber que o calendário está sendo atualizado, a verdade é que tudo muda. Ou tudo pode mudar.
Ritualizar a vida é uma parte importante da forma como vejo as coisas. Fins estão sempre grávidos de começos. Todo fim contém pelo menos um novo começo. Um dia, quando a Via Láctea se chocar com Andrômeda - vai acontecer - uma nova e mais bela galáxia nascerá. Enquanto escrevo, estrelas morrem e estrelas nascem. É o sentido da vida esse constante acabar e recomeçar.
Amanhã, tudo recomeça. E dois mil e cinco promete ser um ano daqueles. Pelo menos assim dizem os astrólogos. Sim, eu acredito nessa leitura dos céus. Mas, mais do que isso, acredito nos mistérios. Não há como não acreditar nos mistérios. Eles estão a nossa volta, por todos os lados. A vida, esse absurdamento, sendo o maior deles.
Um feliz 2025 para todas, todos e todes (palavra que meu corretor de texto, criado por um robô repleto de preconceitos humanos, insiste em alterar para "todos"). O que me leva a pensar que eu gostaria que 2025 fosse um ano em que muitos preconceitos morressem de vez. Todos aliás. Isso significaria dizer que em 2025 a gente amaria mais. Celebraria mais. Gargalharia mais. Festejaria mais. Se misturaria mais. Seria bonito se assim fosse. De qualquer forma, como ensinou o professor Luiz Antonio Simas, a gente não faz festa porque a vida é mole, mas porque ela é dura. A gente se vê por aqui no ano que vem.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.