Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

A estranha e insensível declaração de Ancelotti sobre Endrick

O Real quase não passou pelo Atlético de Madri na Liga dos Campeões. Foi nos penaltis e por um triz. Durante o jogo, Vini foi agredido com cantos racistas. Parece que ninguém mais liga. O foco agora é dizer que Vini está nervosinho demais. Quem não estaria?

Mas quero falar de Endrick. O brasileiro entrou faltando minutos para acabar o jogo que parecia estar se encaminhando para uma disputa de penaltis, como de fato aconteceu. O Real passou no sufoco, mas Endrick não bateu nenhuma das cobranças. Até aí, normal. O Real tem gente mais experiente para chamar a responsabilidade.

O que me causa estranheza é que Ancelotti fez questão de sugerir que Endrick não bateu o pênalti por estar com medo. As palavras exatas: "Tínhamos dúvidas sobre o quinto [penalti], mas aí vi a cara do Endrick e dissemos: melhor o Rüdiger".

Por que dizer isso publicamente? Por que diminuir Endrick? Por que sugerir que ele não tem envergadura emocional para sustentar uma cobrança decisiva?

Não é a primeira vez que o treinador joga Endrick aos leões. Quando o garoto, então recém-chegado, escolheu chutar a gol em vez de passar para Mbappé, Ancelotti também cutucou publicamente. Na ocasião, Endrick fez o gol, mas, aparentemente, não respeitou hierarquias, e isso vale mais. Como Endrick lidará com essa situação é o que fica como questão. Pelo andar dessa carruagem, eu apostaria que ele será emprestado.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.