Somos tão grandes quanto o tamanho dos nossos rivais
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Estaduais chegam ao fim. Fla-Flu, Ceará e Fortaleza, Bahia e Vitória, Inter e Grêmio, Palmeiras e Corinthians. Rivalidades à flor da pele. Algumas torcidas terão que lamber as feridas, outras poderão celebrar. Nada é pior no futebol do que perder para o maior rival. E nada é mais inevitável também. Nesse jogo, perdemos mais do que ganhamos. Quem não sabe perder pode se preparar para a mais miserável das vidas. Saber perder é abraçar a tristeza e não dar espaço para a raiva.
A raiva vem, claro. Especialmente com o atual nível da arbitragem. Mas quem deixa a raiva dominar está lascado.
Mais do que ninguém, os jogadores deveriam estar preparados para lidar com a rivalidade. Tudo o que ídolos fazem em campo as torcidas imitam do lado de fora. Pesquisas recentes feitas no mundo todo mostram como a violência contra mulher aumenta em dia de jogo. Domingo à noite é a hora do terror para mulheres no Brasil.
Sem a compreensão de que o bom comportamento em campo estimula o bom comportamento fora dele não temos muito como mudar esse cenário de violência.
Seria importante também entender que nosso tamanho é dado também pelo tamanho do rival. Não haveria Flamengo sem Fluminense. Não esse Flamengo, não esse Fluminense. Vale para as demais rivalidades. Perder e cumprimentar o vencedor está saindo de moda. O lance é ganhar e tripudiar, tirar um sarro, dar aquela debochada sem lembrar que amanhã o derrotado será você.
A CBF se acanha na prevenção da violência. Entra no jogo com a violência já executada e apenas para remediar timidamente. Ressaltar a união entre camisas e dirigentes seria um caminho possível para os tão ativos departamentos de marketing. Mas ninguém se esforça nesse sentido. Então, com as torcidas num cara-a-cara que pode dar ruim, a gente se deixa levar pelo medo.
A solução encontrada é separar. Separa, isola, divide mais e mais. Um fracasso de inteligência e uma preguiça pedagógica, como disse o psicanalista palmeirense Christian Dunker.
Que o domingo seja de bom futebol e de respeito. Nada indica que vai ser, mas nossa aptidão é torcer.
1 comentário
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Jose Maria Pereira Cardoso Filho
A rivalidade deu lugar à "raivalidade". Todo clássico tem pancadaria ou morte. A instituição do jogo de torcida única é sinal da nossa falência não apenas como desportistas, mas também como sociedade civilizada.
Liliana Cinquini
Muito bom! Civilidade.