Milton Neves

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Opinião

Meus 73 anos salvos pelo Microfone FC!

Cheguei em São Paulo em 1972 de malona a tiracolo, desci na Paulista e parei na Pamplona vindo da velha Rodoviária Júlio Prestes.

São 52,5 anos de São Paulo!

Cheguei de Muzambinho-MG e fui até a "Pensão do muzambinhense Dalton Gaspar" em um velho casarão da Alameda Jaú, quase esquina com a Pamplona.

Tinha 21 anos e estava perdidinho da silva e da vida.

Mais tarde aluguei, um de cada vez, é lógico, dois pequenos apartamentos na Aclimação porque antes já estava morando em um porão da Rua Alfredo Ellis, 185.

À época, tinha passado no vestibular da SUPERO, hoje UNIP Paraíso.

Era "Comunicação Social" e, como colegas, destaque para Paulo Rachid Saab, da Jovem Pan, o multi-jornalista e escritor Ricardo Carvalho, o saudoso Ubirajara Valdez, da Band, e o... Oscar Maroni (!!!), hoje amigão das "primas".

E tive também duas colegas especiais de jornalismo no Objetivo em 1972: uma filha do ex-árbitro Anacleto Pietrobom, o Valussi, e Maria Amélia de Brito, filha do primeiro casamento da estrela do teatro e da TV Glória Menezes.

Éramos uns... 200 (!!!) alunos no terceiro andar do prédio da Gazeta, na Avenida Paulista, 900.

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Juntos, na primeira fase do curso, ficamos misturados, no básico, alunos de jornalismo e de psicologia.

Dois meses depois, fui impedido de entrar para as aulas por uma severa fiscal-porteira, uma japonesa.

Ela foi correta porque eu devia os dois meses iniciais do curso, mesmo já utilizando os pequenos e novos estúdios de rádio e TV - um assombro nas faculdades para a época - e vinha sendo elogiado pelos professores mineiros Luciano Ornelas, do Jornal da Tarde, e Miguel Jorge, do Estadão (o mesmo Miguel Jorge que mais tarde tornou-se ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Governo Lula, em 2007).

José Hamilton Ribeiro e o saudoso Sérgio de Souza também foram nossos professores, além de Paulo Kobayashi, Heródoto Barbeiro e Arnon Hollaender, genial.

Mas, e minha falta de pagamento?

Minha tia Antônia, professora primária em Minas Gerais, coitada, não tinha como me manter em São Paulo pagando a pensão, a comida da pensão e a faculdade.

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Chorei e Ricardo Carvalho, Paulo Saab e Bira Valdez viram e me puxaram para a garagem.

Lá ficamos "de guarda" do lado do Mach 1 de Jorge Brihy e do Mercedes-Benz de João Carlos Di Genio, placas DI-5000.

"Uma hora eles aparecem", exclamou Ricardo Carvalho.

E apareceu logo o Di Genio, apressado.

Só deu tempo para "o moço de Lavínia-SP" ouvir a explanação do pedido de bolsa para mim com os três dizendo que eu tinha futuro.

Com o elevador quase já subindo, Di Genio falou alto lá do fundo: "Grandão, vá na Jovem Pan e fale com o Fernando (Fernando Vieira de Mello, hoje nome de túnel) e diga que eu te mandei".

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Fui e gravei um teste com o jornalista Marco Antônio Gomes e com o operador Chico Vieira.

Era só uma lauda apanhada aleatoriamente em cima de uma mesa lá da redação da Avenida Miruna, 713, Aeroporto, em texto que noticiava um acidente.

E gravei!

"Evitem a Celso Garcia, tudo parado por lá devido a um acidente entre um táxi placa tal e um ônibus da Auto Viação do... PARE", falei.

Fernando foi verificar a gravação e ali ouvi a primeira de uma das 2.873 broncas que levei dele de 1972 até 1992, quando ele deixou a Pan pela Trianon (faleceu em 2001, vítima de Alzheimer).

"Não é PARE, burro, caipira, é PARI! Mas está contratado em estágio. E não encha mais o saco", esbravejou!

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"Mas 'cumé ki é o negócio'", perguntei.

E ele, já às gargalhadas ao lado de Reali Júnior, Wilson Fittipaldi, Antônio Del Fiol, Sargentelli e Ney Gonçalves Dias em sua sala de vidro no canto da redação, mudou de novo seu rosto sorridente para um olhar duro e com dentes cerrados.

"Gostei de você falar 'negócio', do 'Pare', tem voz boa, acaipirada, e você vai para o Detran substituir o Clóvis Messias que foi para a Bandeirantes".

"Mas o que vou fazer?"

"Você vai ser repórter de trânsito pelas ruas da cidade e no Detran".

"Mas eu não conheço nenhuma rua de São Paulo", balbuciei.

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"Então vai para a 'pqp'! Vire-se, moleque, estude, é assim, ou nada", ralhou para mim e piscando para o Marquito, Marco Antônio Gomes.

Era o sinal de "contratado"!

Ufa!

E voltei às aulas com dinheiro emprestado pelo saudoso muzambinhense Marino Campedelli, mais tarde ressarcido, mesmo ele não querendo o dinheiro de volta.

Foi meu início e o resto, o "restão", tem para todo lado no meu livro, aí pela internet da vida e na memória de milhões de pessoas por esse Brasilzão.

E andei pensando nisso tudo às portas de meus 73 anos, nesta terça, dia 6.

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Foram 73 anos bons demais em tudo, por mais que os últimos tenham sido tão difíceis com a partida de minha amada Lenice, a quem devo tudo que realizei na minha vida pessoal e profissional.

Afinal, eu só conseguia encarar o ritmo insano de trabalho, fundamental para o meu sucesso, porque em casa eu tinha uma companheira de fibra que me apoiava incondicionalmente e que cuidava praticamente sozinha de nossos três amados filhos, Rafael, Fábio e Netto.

E eu seria muito feliz mesmo só com 3,47% do realizado, efetivado, conseguido, suado e obtido na base do imponderável e do muito improvável.

Na Jovem Pan foram 33 anos sem vale-transporte e/ou de refeição.

E na metade do tempo precisava demais.

Obrigado, Deus, Jesus, mãe Carmen, pai Milton, minhas tias Antonia e Chiquita, amada esposa Lenice, avós, filhos, Di Genio, Objetivo, Fernando Vieira de Mello, Jovem Pan, Seo Tuta (mesmo tão infeliz a ponto de minha saída de lá ter sido por despedida indireta), Luís Antônio Piccolo e Seo Adhmar da Rede Zacharias (a minha "Waldemar de Brito" na publicidade), Paulinho Gonçalves, Osmar Santos, Marcos Arbaitman e Francesco Giuliano (que me levaram para Israel e mudaram a minha cabeça), J. Hawilla, Johnny Saad, Dênis Munhoz, Bispo Honorilton, Luciano Calegari, Marcelo Mainardi, Mário Baccei, Benedito Dino (que me revelou para o rádio) mais uma vez e obrigado também a todos os jogadores de futebol do mundo, de ontem (principalmente) e de hoje.

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E muito obrigado ao Corinthians (risos)!

E hoje na vida que vivo em São Paulo, em Minas e nos Estados Unidos, só peço para Deus duas coisas: saúde para minha família e um CD ou um pen-drive completos contendo tudo de todos os atletas de qualquer esporte do mundo e de todos os jornalistas esportivos dos últimos 100 anos.

Aí, o meu "Que Fim Levou?", do Portal Terceiro Tempo, paixão da minha vida, ficará completo!

Puxa, e como foi rápido chegar aos 73!

Duro foi conseguir ter 18 anos para poder entrar no Cine São José de Muzambinho em "filmes de mulher pelada" (risos).

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Rara aparição de Milton Neves, ainda em Muzambinho-MG, como zagueiro

O apresentador ao lado de seu pai, Milton Neves, e seu irmão, Homero

Carmen Fernandes Neves, Margarida Neves, Milton Neves, Homero Neves segurando o primo Celso e a vovó Isolina. A pequena garota é a prima Maísa. Reunidos em 1961

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Milton Neves (sentado ao centro) aparece com sua avó Beatriz, irmão e primos

Da esquerda para a direita, em pé: Renê Rodrigues (mora em Campinas-SP, aposentado pela Petrobras), José Eduardo Botelho (o Du Esqueleto Humano), João Batista Benetti (o João Mula), o cantor Rui Evilásio Rodrigues (o Rui Cabeludo), Antônio Carlos Gonçalves (o Toninho Ratinho ou Toninho Pernaiada, ex-comandante da PM de Minas Gerais, hoje aposentado) e Lino Fazzi Filho (o Lininho). A menina ao centro, é Conceição Aparecida Teixeira. Agachados: Milton Neves, Cláudio Portugal (o Figo) e Roberto de Araújo (o Nenzinho, que mora em Piumhi-MG)

Milton também tentou a sorte como treinador. Não deu certo...

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Milton Neves, Denilson, Emerson e Vampeta no Band Mania, em 2010

"Brigando" com Ricardo Boechat, na Band News FM em 2015

Califórnia em 2000 com os filhos Fábio e Rafael, na Golden Gate, em São Francisco

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"Canal 100", da Manchete, com Luís Pereira, Julinho Botelho e Ademir da Guia

Caracas, Venezuela, ao lado de Samuel Ferro em 1987

"Cartão Verde", da TV Cultura, em 1993

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Carteirinha de Milton Neves, então funcionário da Jovem Pan

Carteirinha de Milton Neves, então funcionário da Rádio Colombo, de Curitiba

Macabíada de Chicago em 1998

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Apresentando o "Cidade Alerta", da Record em 2005

Concentração da Roma em 1989, voltando de Israel. Milton Neves, o médico da Roma e da seleção italiana e Sormani, em Trigoria, concentração da Roma

Em Roma, Milton Neves e Di Stéfano no Centro de Imprensa Grotta Rossa, da RAI, na Copa do Mundo de 1990, na Itália

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Milton Neves e Tostão, na cobertura da Copa de 1994

Milton Neves e Fátima Bernardes, na Copa de 1994

Paulo Soares, Orlando Duarte, Milton Neves e Osmar de Oliveira, na cobertura da Copa de 1998. Na foto, Milton foi convidado para o SBT por um programa pois cobriu o Mundial da França pela Jovem Pan e TV Manchete

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Durante a Cobertura da Copa de 2010, na África do Sul

Eduardo Savóia, Renata Fan, Milton Neves, Paulo Roberto Martins, Ricardo Capriotti e Osmar de Oliveira no inesquecível "Debate Bola" da Record, em 2005

Disney, anos 90

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Como professor da "Escolinha do Barulho", da Record

Na "Fazenda do Ipê, em Guaxupé-MG

Entrada da Fazenda do Ipê, em Guaxupé

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Apresentando o "Gol, o Grande Momento do Futebol", da Band e do BandSports

Com Osmar Santos, em Israel - 1993

Com o Mar Morto ao fundo, em 1989

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Muro das Lamentações em Jerusalém - 1985

No Japão, em Yokohama em 2011, antes do duelo entre Santos e Barcelona e usando um "cabelo" do Neymar

Na Jovem Pan em 1983: João Antônio de Carvalho, Flávio Prado, Nilson César, Milton Neves e Luis Carlos Quartarollo. Em pé, José Carlos Carboni

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Na Jovem Pan em 1985: José Silvério, Orlando Duarte, Milton Neves e Wanderley Nogueira

Entrevistando o Rei pela Pan em 1983: uma honra!

Credenciais de Milton Neves nas Macabíadas pan-americanas

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Em 2013, em Marrakesh (Marrocos), acompanhando o Galo no Mundial ao lado de Chico Pinheiro

Evair e Caio Ribeiro no "Melhor de Todos" da Band, em 2000

"Mesa Redonda", da Gazeta em 1988: Pedro Luiz, Neto, Roberto Avallone, Wanderley Nogueira e Gilberto Costa

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Em Miami, com a linda camisa do ABC, estreando apartamento em Sunny Isles, em 2008

Vinicius Magnoni, Alexandre Magnoni, Milton Neves, Edson Dino e Almírio José Borelli, em 25 de fevereiro de 2017, na Fazenda Santo Antonio do Ipê, em Guaxupé-MG

Tribeca, 67º andar em Nova York - II em 2017, ao lado do One WTC

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Curtindo mais uma gelada noite de Nova York -I, em Upper East Side, em 2014

Apresentando o "Domingo Esportivo", na Rádio Bandeirantes

Milton Neves e Amyr Klink na Rádio Bandeirantes em 20 de agosto de 2017

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Apresentando o "Roleta Russa" da Record, em 2003

No "Show do Esporte", ao lado de Juju Salimeni, em 2018

"SuperTécnico" - 1999: Oswaldo de Oliveira, Zagallo, Pelé, Milton Neves, Parreira e Luxemburgo

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"Terceiro Tempo" da Record em 2002, com Roberto Carlos e Denilson

"Terceiro Tempo" na Band, em 2015

Macabíada Pan-Americana de Toronto, Canadá, em 1986

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Setorista da JP no Detran em 1972 e escrivão de polícia do órgão a partir de 1976

Em 2006 no programa "Golaço" da Rede Mulher. Em pé, Milton Neves e Renata Fan. Sentados: Fábio Sormani, Félix e Ado

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Na Adega Terceiro Tempo III, Rafael Neves, Milton Neves, Larissa Erthal e Netto Neves, em 2015

Parte da Equipe-Band em casa, em dezembro de 2011. Em pé, da esquerda para a direita: Tati Saad, Milton Neves, Dudu Magnani e Tiago Galassi. Agachados: Fernando Svevo, Juninho e Rogério Micheletti. Thiago Galassi foi o maitre!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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