Milton Neves

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Opinião

Poupar jogador é gol contra!

É bem isso e muito exagerado.

Jogador prefere se machucar ou ser suspenso do que ser "poupado" ou "rodiziado".

E o pior é que o tal "poupado" não é dispensado de todas as cansativas e repetitivas etapas da preparação do elenco para um jogo de futebol no domingo, por exemplo.

Ele é avisado que não jogará, mas terá que fazer o apronto da sexta-feira, almoço no CT e não com sua família, é obrigado a ouvir a "xaropada" da preleção no fim de tarde, vai jantar e depois dormir na... concentração.

No sábado, mais um apronto com "bobinho", massagem, revisão médica, outra preleção mala, o jantar, a concentração, acorda no domingo para o café da manhã com os que vão jogar, em seguida dá uma "coçada" básica no quarto, refeição leve e... vamos para o estádio!

Mas, espera aí, o cara não está "poupado" no domingo porque na longínqua quarta-feira tem um jogo mais importante em casa, quando ele entrará em campo, e não é dispensado da maratona a que são submetidos os que vão atuar no final de semana anterior?

Ora, jogador poupado tem que ser dispensado de tudo porque, obrigado a obedecer todo o ritual dos que vão jogar, ele não está sendo poupado de nada!

Está é sendo "marginalizado", o que eles odeiam ao serem "punidos" sendo sacados do time por "poupação" imbecil.

E jogar, para eles, é o mais fácil e mais gostoso de tudo, mas não pensam assim os treinadores que inventaram a maldita "poupação".

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Gente, em todo time, toda empresa e em toda redação há hierarquia.

É o chefe, é o time titular, é o capitão, é o treinador, é o presidente e a coisa só muda ou deveria mudar em caso de algo impeditivo como doença, suspensão, contusão ou morte na família.

Vejam os grandes times da história, quando o Brasil era o Brasil mesmo no futebol.

Hoje somos da Série B do futebol do mundo!

Não é reflexo da falta de times titulares?

O Santos FC, maior da história, só mudava um ou dois jogadores por suspensão ou contusão.

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Santos em 1962, o melhor time de todos os tempos: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe

Assim era também o Palmeiras do Leão ao Nei.

O clássico Palmeiras dos anos 70: Eurico, Leão, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Dudu e Zeca; Edu, Leivinha, César Maluco, Ademir da Guia e Nei

Ou do Valdir ao Rinaldo com Filpo Núñez.

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Palmeiras-CBD, 1965: diretor Ferruccio Sandoli, Djalma Santos, Valdir Joaquim de Moraes, Waldemar Carabina, Dudu, o treinador Filpo Núñez, Djalma Dias, Ferrari e um outro diretor do Verdão; o mordomo Romeu, Julinho Botelho, Servílio, Tupãzinho, Ademir da Guia, Rinaldo e o massagista Reis

O Botafogo do Manga ao Zagallo.

Espetacular Botafogo nos anos 60: Joel, Manga, Nilton Santos, Zé Maria, Airton e Rildo; Garrincha, Arlindo, Quarentinha, Amarildo e Zagallo

O Cruzeiro do Raul ao Hilton Oliveira.

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Vanderlei, Zé Carlos, Piazza, Pedro Paulo, Brito e Raul. Agachados: o massagista Nocaute Jack, Natal, Evaldo, Tostão, Dirceu Lopes e Hilton Oliveira

O Internacional do Manga ao Lula.

O Inter de 1976: Manga, Cláudio Duarte, Figueroa, Vacaria, Marinho Peres e Falcão; Valdomiro, Batista, Dario, Caçapava e Lula

O Brasil de 70 do Félix ao Rivellino.

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O Brasil de 70. Carlos Alberto Torres, Félix, Piazza, Brito, Clodoaldo e Everaldo; Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino

Os grandes times da história eram tão fixos, de 1 a 11, que quando um jogador de 12 para cima fazia gol, o Fiori Gigliotti na Rádio Bandeirantes dizia: "Um golaço de fulano com camisaaaaa de reservaaaaa".

Bom sinal dos tempos que não voltam mais.

Assim, treineiros bons, ruins, ótimos, superados, modernos, azedos e estressados, aprendam com Otto Glória, Lula, Filpo Núñez, Dino Sani, Béla Guttmann, Ênio Andrade, Zezé Moreira, Ayrton Moreira, Aymoré Moreira, Mário Travaglini, Martim Francisco (um dos melhores), Zagallo, Rubens Minelli e Telê.

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Otto Glória, Lula, Filpo Núñez, Dino Sani, Béla Guttmann, Ênio Andrade, Zezé Moreira, Ayrton Moreira, Aymoré Moreira, Mário Travaglini, Martim Francisco, Zagallo, Rubens Minelli e Telê: com eles não tinha essa tal "poupação"

Se todo grande time começa com um grande goleiro, o mesmo se aplica aos 11 titulares, imperiosos.

Enfim, treinadores, parem de poupar jogador e montem um time titular.

Convivo com jogadores de ontem e de hoje há "séculos" e há unanimidade: eles têm ojeriza, nojo e raiva de serem "poupados".

São quase todos milionários, fisicamente perfeitos e apaixonados por três atividades: jogar, jogar e jogar!

"Contusão ou suspensão, tudo bem. Mas `poupação´, não", berram com os dois pulmões aos quatro ventos e com toda a força possível.

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Mas longe dos treinadores, que se consideram espécie de "Einsteins da Bola".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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