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Calendário apertado do UFC pode sobrecarregar campeões em 2022
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Realizado no último sábado (11), o card do UFC 275 foi o sexto evento numerado da organização na temporada e, como de praxe, foi transmitido via pay-per-view (pacotes de transmissão vendidos) e contou com duas disputas de título em ação, modelo que atende a exigência contratual do show na TV americana. Esta dinâmica, no entanto, deve exigir demais de alguns de seus campeões nos próximos meses.
Afinal, como revelado por este colunista no site da Ag Fight, o cronograma do UFC prevê 14 cards desta magnitude no ano e, como faltam oito deles até o fim da temporada, o cenário de lesões combinado com lutas próximas umas das outras pode: 1- fazer com que donos de cinturões defendam seus postos antes do planejado; 2- resultar na criação de títulos interinos fora do planejamento; 3- abrir caminhos para que shows de PPV sejam liderados por lutas que não contem com disputas de título em jogo. Ou, como imagino, um misto dos três.
Vale ressaltar, porém, que essa 'turbulência' não é novidade e é causada pelo plano de negócios da empresa. A venda de pacotes de transmissão via PPV (modelo que ainda engatinha no Brasil) representa grande fatia da renda arrecadada por qualquer organização esportiva nos EUA: MMA, boxe e ligas como NBA, NFL e demais. Basicamente, quanto mais importante o jogo ou a luta, mais você paga por ela.
Dito isso, também relembro que os três cenários citados para o futuro próximo do UFC não são nenhuma novidade, e darei exemplos. Deiveson Figueiredo, campeão dos pesos-moscas (57 kg), defendeu seu cinturão em duas oportunidades em um período de apenas 21 dias em 2020. Após finalizar Alex Perez no dia 21 de novembro, no card do UFC 255, o atleta foi convocado para o show de número 256 três semanas depois de que Kamaru Usman e Amanda Nunes não puderam liderar a edição. Sem outras opções, coube aos promotores convencerem o brasileiro a 'salvar' aquele final de ano.
O mesmo Deiveson também pode ser utilizado para ilustrar o segundo ponto. Em sua última luta, em janeiro deste ano, Daico venceu Brandon Moreno e manteve o título. No entanto, como uma lesão o impediu de se apresentar em julho, mês que conta com dois cards de PPV no UFC, o atleta viu os nomes de Brandon Moreno e Kai Kara-France serem escalados para um duelo que vale o título interino da divisão. Em tese, o posto de campeão provisório só seria justificado pela inatividade do campeão de no mínimo um ano.
Por fim, as nada habituais edições encabeçadas por disputas que não contam com títulos em jogo vez ou outra são utilizadas. Mas, para isso, é preciso que o duelo em questão tenha apelo suficiente para atrair a atenção do público. Em março deste ano, por exemplo, o UFC 272 contou com Colby Covington vs. Jorge Masvidal como luta principal. Para o segundo semestre, espera-se que Conor McGregor repita o feito pela sexta vez em sua carreira, sendo a quarta seguida. Não por acaso, já que o irlandês é dono das maiores marcas de PPV da história do MMA.
Mas como disse no início do post, faltam oito cards numerados até o fim do ano - os próximos dois já estão definidos e contam com dois títulos em jogo cada (sendo um deles interino). Para agosto, Usman lidera o show defendendo seu cinturão contra Leon Edwards em edição que ainda pode receber mais um title shot. Para a continuidade do segundo semestre, se 'a carta Conor McGregor' for usada, restariam outros quatro que, a julgar pelo padrão do evento, poderiam somar outros oito cinturões em jogo.
Em um rápido apanhado das prováveis lutas a serem feitas no topo de cada categoria, temos o título interino dos pesados entre Jon Jones e Stip Miocic, Charles Do Bronx contra Islam Makhachev, Aljamain Sterling versus TJ Dillashaw e a primeira defesa de título de Carla Esparza. As demais vagas seriam preenchidas com atletas que lutaram recentemente e que, batam na madeira, não sofreriam com lesões ou outros problemas de saúde. Tarefa difícil essa de matchmaker no UFC?
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