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OPINIÃO

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Como plano de carreira no telecatch americano vem atraindo jovens promessas do MMA

Ronda Rousey com o cinturão do WWE - Reprodução/WWE
Ronda Rousey com o cinturão do WWE Imagem: Reprodução/WWE

Colunista do UOL

01/07/2022 04h00

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O crescimento e popularização do MMA nos últimos anos gerou dividendos até mesmo para o mundo do telecatch americano, que segue financeiramente atrativo a ponto de 'fisgar' atletas das mais diferentes modalidades. Campeões olímpicos, ídolos do MMA, promessas das artes marciais e até mesmo youtubers, a lista não para de crescer. O modelo de negócios das ligas deste tipo de entretenimento esportivo do mundo se reinventou e abre portas para a extensão de algumas carreiras - ou até mesmo para um novo começo.

Em 2018, depois da ex-campeã do UFC Ronda Rousey assinar contrato com a WWE, a maior liga do segmento, os fãs de MMA tiveram que se acostumar com o constante flerte entre os dois mundos. No final do ano passado, por exemplo, grandes nomes da academia American Top Team, dentre eles o peso-pesado brasileiro Junior Cigano, se apresentaram em um show da AEW na Flórida em uma edição claramente feita com o intuito de unir os dois públicos - estratégia que parece dar certo nos EUA.

Um outro exemplo a ser dado é o de Paige VanZant. Popular no UFC mesmo sem nunca ter chegado ao topo de sua categoria, a americana deixou a liga e estreou neste ano na AEW. Mas, embora a atleta ainda garanta que pretende protagonizar combates reais, sua rápida ascensão na modalidade deixa claro que seu 'passe' para competir em cages deve subir consideravelmente. E isso é apenas o começo.

Nesta semana, Valerie Loureda anunciou que deixará o MMA de lado para se dedicar exclusivamente ao novo vínculo com a WWE. Aos 23 anos e com apenas cinco lutas profissionais no esporte, todas disputadas no Bellator, a americana de ascendência cubana é um fenômeno de popularidade nas redes sociais. Com ganhos médios superiores aos de atletas em começo de carreira, a jovem não demorou para ver no mundo do entretenimento a oportunidade para ter um plano de carreira mais sólido.

E é justamente aí o grande trunfo do telecatch (nome utilizado no Brasil em referência ao programa de TV da década de 60 destinado à prática da modalidade). Ao contratar alguém para se apresentar na modalidade, cada liga age diretamente no desenvolvimento do atleta, tanto em sua preparação física para as apresentações como na construção de cada personagem, com aulas de atuação, acompanhamento midiático e assessoria de imprensa. Além, é claro, de salário mensal.

Já no MMA, o risco de corte após seguidas derrotas ou apresentações ruins é uma constante. Ainda por cima, a dinâmica das lesões e a forma de pagamento a cada apresentação (um atleta, em média, compete duas vezes por ano) tornam o sonho de fazer muito dinheiro no octógono uma arte para poucos. E, verdade seja dita, em qualquer esporte, e até mesmo no telecatch, a parcela dos que embolsam quantias astronômicas é pequena. A diferença, porém, está na média.

Enquanto um lutador 'mediano' compete por anos e mal consegue juntar dinheiro para investimentos, além de poder ser demitido sem aviso prévio, no mundo do telecatch, o vínculo empregatício se faz valer até mesmo para os competidores de menos destaque que se apresentam nas ligas de desenvolvimento - shows criados para quem ainda 'não está pronto' para se apresentar nas maiores organizações.

A diferença do plano de negócios é clara e corresponde ao fato de serem, de fato, dois mundos completamente distintos. Uma pena, porém, é que uma jovem promessa como Valerie tome a decisão de migrar para o mundo do entretenimento e pendure as luvas tão cedo, antes mesmo de se testar no mais alto nível de seu potencial. Antigamente, o telecatch era uma opção forte para o 'pós-carreira' de lutadores, como foi com Ronda e poderá ser com Cigano. Definitivamente, os tempos são outros...