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Alex Poatan compensa pouco apelo midiático com vitórias e estratégia dos empresários

Alex "Poatan" Pereira venceu duas lutas no UFC - Mike Stobe/Getty Images
Alex 'Poatan' Pereira venceu duas lutas no UFC Imagem: Mike Stobe/Getty Images

Colunista do UOL

02/07/2022 04h00

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A fórmula para o sucesso no UFC é complexa e vai muito além da sequência de vitórias no octógono. Carisma, engajamento com os fãs, disposição para boa entrevistas e versatilidade para encarar a rotina de um atleta de destaque na organização são apenas parte da lista de características que podem potencializar os feitos de um competidor. E, dito isso, me arrisco a dizer que o brasileiro Alex Poatan é um caso a ser estudado justamente pela capacidade de seus empresários em valorizar suas valências.

Com apenas duas lutas no UFC e seis no total em sua carreira no MMA, o kickboxer fez história no renomado evento Glory, mas quase que exclusivamente pelos seus feitos no ringue. Tímido, de fisionomia calada e dono de pouca expressão facial, Poatan não fala inglês, passa longe de ser adepto do trash talk e não é nenhum fenômeno midiático - seja em entrevistas ou redes sociais. Mesmo assim, uma combinação curiosa faz dele uma promessa que começa a tomar forma e peso principalmente junto ao público americano.

A começar pelo histórico pessoal com Israel Adesanya, campeão dos pesos-médios (84 kg) do UFC que goza de imensa popularidade no esporte. Anos atrás, quando ambos competiam no kickboxing, Alex o venceu em duas oportunidades, sendo uma delas por nocaute, feito único para a carreira do rival. Isso, por si só, abreviou e muito o caminho de Poatan no MMA.

Com grande habilidade nos bastidores, seus empresários negociaram um rápido trajeto do atleta de 34 anos rumo ao cinturão do UFC, basicamente se aproveitando da popularidade de Adesanya e do histórico de vitórias de Poatan sobre ele. Sendo assim, mesmo sem fazer parte do top 15 da divisão, o brasileiro já foi confirmado como, em caso de nova vitória neste sábado (20), como o próximo desafiante ao cinturão. E essa jogada foi particularmente inteligente de sua equipe.

Afinal, ele medirá forças com Sean Strickland, atleta escolhido a dedo por ser top o número quatro do ranking que, vejam só, é um trocador nato e que vê seu engajamento com os fãs crescer a cada dia. Desta forma, Poatan terá um desafio contra um rival que não é especialista no grappling, sua área mais frágil, e que agrega como poucos nos dias que antecedem o combate.

Dono de frases polêmicas e de efeito, Strickland, que já foi banido de redes sociais em duas ocasiões, roubou a cena ao longo da semana e, a cada matéria gerada em seu nome, carrega automaticamente o rival Poatan com ele. Por isso, o palco está montado para o brasileiro. Enquanto uma legião de fãs estarão atentos para assistir a performance do falastrão (e talentoso) americano, uma contundente vitória sobre ele irá catapultar o nome de Alex Pereira como poucas vezes antes vista.

E, de forma curiosa, essa valorização se dará, em caso de triunfos, unicamente pelos seus feitos no cage, descartando todos os itens apresentados no parágrafo inicial. Realmente, um caso a ser estudado…

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL