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Azarão! Entenda o que está por trás do arriscado plano de Jake Paul no MMA

Jake Paul venceu Anderson Silva em sua última luta de boxe - GettyImages
Jake Paul venceu Anderson Silva em sua última luta de boxe Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

06/01/2023 04h00

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A aposta é interessante. Jake Paul, famoso youtuber americano, assinou contrato com o PFL para, finalmente, estrear no MMA. Ao mesmo tempo, o atleta surgiu como sócio da empresa e anunciou um novo modelo de divisão de lucros entre a empresa e os atletas — em cards transmitidos via pay-per-view, metade da venda dos pacotes de televisão ficará com os lutadores.

Mas para que esse modelo dê certo e garanta os números esperados pelos investidores do evento — o PFL investiu dezenas de milhões de dólares desde seu primeiro show, em 2017 —, é preciso vender (muitos) pay-per-views. E essa é a grande função do midiático Jake Paul.

O americano é um fenômeno de popularidade nos EUA. Youtuber, empresário, promotor de eventos, músico e lutador... Sua carreira é extensa para seus 25 anos de idade e, por isso, o momento é ideal para sua nova empreitada. Em outubro do ano passado, Jake venceu Anderson Silva em uma luta de boxe e alcançou o auge de sua breve caminhada nos ringues.

Após superar alguns veteranos do UFC nos ringues, o triunfo sobre o lendário Anderson exigiu do youtuber que seu próximo passo fosse relevante. Mas, como o MMA representa um novo desafio para ele, e a julgar pela sua importância para os planos de negócios do PFL, o resultado de suas apresentações é de vital importância.

Uma derrota na estreia, ainda mais em caso de fraca atuação, derrubaria seu potencial de mercado. Ao mesmo tempo, como disse no início do texto, ele precisa vender pay-per-views e, por isso, ele não garantirá o interesse dos fãs sem 'parceiros de dança' de peso no cage.

Talvez em sua primeira luta, por se tratar de uma estreia, ele possa conseguir bons números mesmo sem um rival de renome. Mas tal efeito tem prazo de validade limitado e será necessário encontrar o ideal no futuro próximo. Opções não faltam. Afinal, quem não quer ter a chance de enfrentar um estreante, liderar uma edição do show e ter a chance de embolsar alguns milhões de dólares?

A aposta é alta, praticamente um all in (termo utilizado no poker) e, de forma justa, a recompensa também. O PFL, caso encontre em Jake o fator de promoção que faltou nos últimos anos e que não se refletiu nos pesados investimentos em Rory MacDonald e Anthony Pettis, torna seu modelo de negócio sustentável (não se esqueçam que a organização premia com um milhão de dólares cada vencedor do torneio de suas categorias).

Jake, se triunfar no cage assim como fez nos ringues e diante dos adversários certos, potencializa sua popularidade, consolida sua carreira como lutador e dá início ao projeto (megalomaníaco) de revolucionar a estrutura de negócios do MMA — o youtuber é um crítico ferrenho de Dana White e dos salários pagos pelo UFC à maioria de seus atletas.

No entanto, imaginar que uma organização de MMA conquistará visibilidade em um mercado monopolizado quase que em sua totalidade pelo UFC, assim como esperar que um jovem de 25 anos sem experiência nas artes marciais mistas alcance sucesso em um esporte tão competitivo, é no mínimo excesso de otimismo.

A chance de 'flopar' é grande e críticos já estão à espera do primeiro tropeço para questionar a iniciativa.