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Um dos maiores da história, Maurício Shogun perdeu o boom do UFC no Brasil

Maurício Shogun fará sua aposentadoria do MMA - Divulgação/UFC
Maurício Shogun fará sua aposentadoria do MMA Imagem: Divulgação/UFC

Colunista do UOL

20/01/2023 04h00

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Se você, caro leitor, é um fã casual de MMA, daqueles que acompanham as disputas de cinturão e, vez ou outra, alguns cards numerados, muito possivelmente você não sabe da importância de Maurício Shogun para este esporte. Também pudera, já que o veterano de 41 anos, que faz sua despedida do octógono neste sábado, não teve a sorte de surfar na onda do 'boom do UFC' no Brasil.

Um dos maiores lutadores de todos os tempos, o futuro Hall da Fama foi vencedor do GP até 93kg do extinto evento japonês Pride em 2005 e se tornou campeão da categoria no UFC em 2010. No entanto, por um capricho do destino, ele perdeu o título em março do ano seguinte, um mês após Anderson Silva nocautear Vitor Belfort, em duelo que marcou a massificação da popularidade do MMA no Brasil.

Logo após perder o cinturão, Shogun alternou vitórias e derrotas e reduziu gradativamente o ritmo de lutas por ano, se distanciando de um novo title shot. Ao mesmo tempo, uma nova leva de campeões tomou conta do cenário e o paranaense, ao menos para os fãs mais jovens, não traduziu em apelo midiático o seu sucesso do passado. Por isso, faço questão de ressaltar o seu legado na coluna de hoje.

Lembro bem quando o jovem e mais franzino Shogun estreou no extinto evento Meca, em 2002. Na ocasião, o atleta nocauteou Rafael Capoeira em poucos minutos e mostrou agressividade e valentia, os elementos mais tradicionais da Chute Boxe, sua academia na época, e que se tornaram sua assinatura ao longo dos anos seguintes.

Curiosamente, a alcunha de novo fenômeno do MMA mundial demorou mais um pouco para chegar. Depois de colecionar triunfos no cenário nacional, quando ainda era apontado como o irmão mais novo de Murilo Ninja, que já se destacava no Pride, Shogun perdeu sua invencibilidade em um torneio nos EUA antes de migrar para o cenário japonês. E foi no Oriente que o mundo conheceu o talento do atleta.

Depois de acumular quatro nocautes no Pride Bushido, Shogun foi convocado para o GP até 93 kg em 2005, torneio que, apontado por especialistas como maior da história do esporte, colocou 16 atletas para se enfrentarem em formato de playoff. Dentre os estrelados nomes estavam Wanderlei Silva, Kazushi Sakuraba, Kevin Randleman, Dan Henderson, Hidehiko Yoshida, Igor Vovchanchyn e Vitor Belfort, entre outros.

Curiosamente, o 'novato' Shogun foi o último atleta convocado a fazer parte desse time - embora ele não tenha demorado para roubar a cena e cravar seu nome na história. Na primeira fase, diante do favorito Quinton 'Rampage', o paranaense precisou de menos de cinco minutos para liquidar a fatura.

Dois meses depois, nas quartas de final, Shogun protagonizou a melhor luta do ano com Rogério Minotouro, irmão gêmeo de Minotauro. Na fase seguinte, o atleta da Chute Boxe nocauteou na mesma noite Alistair Overeem e Ricardo Arona para garantir o troféu e cravar o seu legado no esporte.

Nas temporadas seguintes, ele chegou a se aventurar nos pesados, enfrentou rivais do mais alto calibre, por vezes fazendo revanches, e se tornou um dos únicos competidores a acumular sucesso tanto no Pride quanto no UFC. Fosse no ringue ou no cage, com rounds de dez ou cinco minutos, e valendo tiros de meta ou cotoveladas, nada foi capaz de parar Shogun, a não ser o tempo.

Aos 41 anos, longe do ápice de sua forma e pronto para pendurar as luvas, Maurício Rua encara Ihor Potieria neste sábado, no card do UFC Rio. A luta, sem a visibilidade que o cartel do brasileiro carrega, faz jus ao momento do atleta, que terá a última chance de deixar o octógono com o braço levantado.

Se você puder, leitor, faça um favor a si mesmo e assista a despedida de Shogun. Independentemente do resultado ou da performance do brasileiro, você estará vendo parte da história.