Topo

Na Grade do MMA

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Seu pior inimigo, Jon Jones é o maior lutador e o maior Bad Boy do MMA

Jon Jones estreia como peso-pesado no UFC 285 - GettyImages
Jon Jones estreia como peso-pesado no UFC 285 Imagem: GettyImages

Colunista do UOL

04/03/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Os números no octógono impressionam: um cartel praticamente perfeito com 26 vitórias, recorde de defesas de títulos entre os meio-pesados e o status de melhor de todos os tempos alcançado quando ainda tinha 30 anos. Fora dele, polêmicas e confusões fizeram com que a vida pessoal de Jon Jones roubasse os holofotes de suas conquistas como atleta em inúmeras ocasiões. Curiosamente, em alguns de seus momentos de maior brilho.

Neste sábado, em Las Vegas, o atleta terá a chance de equilibrar a balança novamente. Para isso, porém, terá que alcançar um feito inédito - só assim para deixar, a menos que momentaneamente, para trás seus mais recentes tropeços com a Justiça. "Bones" disputa o título dos pesos pesados em sua estreia na categoria - após um hiato de três anos das competições.

O desafio é enorme. Mais pesado do que nunca, próximo de 120 kg, o atleta, agora com 35 anos, encara um rival de renome. Ciryl Gane é um experiente kickboxer e sua única derrota no MMA foi diante de Francis Ngannou, ex-campeão do UFC. Por isso, a falta de ritmo de luta e o elevado nível do desafio colocam Jon Jones na posição de ser testado e desafiado como não víamos há anos.

Ao mesmo tempo, essa será a primeira aparição do americano após sua prisão em 2021. Na ocasião, Jones foi acusado de violência doméstica horas depois de ser indicado ao Hall da Fama do UFC. Percebem como seu sucesso e queda caminham lado a lado? No momento de imortalizar sua carreira ele é preso pela acusação mais séria de sua vida. E, não, essa não foi a primeira vez em que ele trocou o noticiário esportivo pelo policial.

Em maio de 2012, quando já acumulava três defesas de títulos contra ex-campeões do UFC e se destacava como candidato a ser o atleta mais popular do esporte, Jones foi preso após bater seu carro e confessar que não estava sóbrio no momento do acidente. No final de 2014, pouco antes de enfrentar seu maior rival Daniel Cormier pela primeira vez, o primeiro antidoping por uso de cocaína - a luta não foi cancelada pois o teste para drogas 'recreativas' foi feito fora do período de competição.

Meses após vencer Cormier, Jones foi preso novamente, agora por se envolver em um acidente de carro e deixar o local sem prestar socorro à uma vítima. No seu veículo foram encontrados vestígios de maconha. No ano seguinte, mais duas grandes confusões, tanto antes quanto depois da vitória diante de Ovince Saint Preux.

Em março, preso após violar os termos de sua liberdade condicional. Em julho, foi flagrado em um teste antidoping que o impediu de realizar a revanche contra Daniel Cormier. Desta forma, ele perdeu o cinturão e, em julho do ano seguinte, o reconquistou ao vencer DC por nocaute. Dias após o duelo, o resultado foi anulado por outro teste antidoping positivo.

No início de 2020, um mês após vencer Dominick Reyes em sua última apresentação como meio-pesado (93 kg), Bones foi abordado por um policial enquanto, embriagado, estava sem habilitação para dirigir. Momentos antes, sabe-se lá por qual razão, o atleta atirava para o alto com sua pistola. Mais do mesmo para um currículo que de tão extenso fazem do americano o maior bad boy da história do MMA.

Ao mesmo tempo, ele também é apontado como o maior lutador já visto no octógono. Resta saber se por alguma razão psíquica ela precisa alimentar esse lado negativo para, assim, ter a motivação necessária para treinar e performar em alto rendimento. Ou se tudo, na verdade, retrata o desperdício de um grande talento que, não fosse a eterna luta contra seus próprios demônios, poderia ter feito muito mais no cage.