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Liga de tapa na cara de Dana White precisa das redes sociais para dar certo

Cena do Power Slap, competição criada por Dana White - Reprodução
Cena do Power Slap, competição criada por Dana White Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

10/03/2023 04h00

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Neste sábado (11), em Las Vegas (EUA), acontece a primeira edição do "Power Slap", liga de tapa na cara promovida por Dana White, presidente do UFC. O show será a programação final do reality show criado pela organização do evento e que foi ao ar no UFC Fight Pass. Desta forma, a audiência do programa deve ser o ponto de partida para futuras análises sobre o sucesso da nova modalidade.

Até o momento, os números não são animadores. Depois de alcançar audiência promissora com 430 mil espectadores em média no primeiro episódio, o programa atingiu menos de 300 mil nas semanas seguintes. A seguir, o anúncio de que o show da grande final, que originalmente iria ao via Pay-Per-View, será exibido com exclusividade na plataforma Rumble levantou dúvidas sobre o engajamento junto aos fãs.

Por isso, algumas dúvidas surgem. A primeira, claro, é: quem são os fãs desta modalidade? É natural que, por ser produzido pelo time do UFC, os fãs da liga tenham acesso ao show. No entanto, é possível que quem seguirá acompanhando os eventos de Power Slap não goste de MMA - e vice-versa.

A seguir, fica claro o número de questionamentos e críticas à liga. É esporte? Os lutadores são expostos a concussões mais frequentes do que em lutas de boxe e MMA? Bom, a Comissão Atlética de Nevada aprovou a realização do show e é responsável por fiscalizar os atletas, inclusive com testes antidoping e exames físicos antes e após cada duelo - nenhum outro evento de taparia conta com tal suporte.

Isso responde às perguntas? Não, mas a entidade que rege os esportes em Las Vegas deixa clara sua intenção de acompanhar o desenvolvimento do evento. Por ser uma liga nova, é necessário tempo para que os possíveis danos aos competidores sejam compreendidos em sua plenitude. E se algum erro for encontrado, cabe ao órgão corrigir, ou ele será responsabilizado por isso.

Particularmente, não consigo visualizar uma liga de tapa na cara como esporte, por isso a chamo de modalidade. Afinal, um esporte de combate, seja ele qual for, envolve ataque, defesa e estratégia. Nessas ligas, os envolvidos não podem se esquivar e apenas absorvem as pancadas. O campeonato, então, passa a ser exclusivamente do poder de ataque e da capacidade de absorção de cada.

Por isso, é difícil imaginar que o show tenha vida longa e que encontre relevância junto ao mérito esportivo. Mas, veja bem, sediado onde "money talks", a Power Slap tem uma bela carta na manga. Ao mesmo tempo em que os números caíram na plataforma de streaming, clipes do show são sucesso absoluto nas redes sociais.

Afinal, é fácil de entender e acompanhar pessoas sendo nocauteadas com golpes singulares de mãos abertas. E em um mundo onde mídias sociais se tornam cada vez mais relevantes e importantes financeiramente, imagino que a longevidade deste formato está diretamente ligada às plataformas digitais.

Estarei lá no sábado e imagino que terei mais respostas sobre o futuro do show ao final desta primeira edição. Até agora, como disse, o cenário não é promissor. Apenas carrego o mesmo sentimento tanto em relação aos praticantes de tapa na cara como aos lutadores de MMA ou boxe: faça o máximo de dinheiro no menor tempo possível e se aposente com segurança física e financeira.