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OPINIÃO

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Raphael Assunção se aposenta sem o merecido reconhecimento dos fãs

Colunista do UOL

11/03/2023 22h29

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Raphael Assunção foi finalizado por Davey Grant neste sábado, no card do UFC realizado em Las Vegas (EUA). Aos 40 anos, o veterano foi um dos principais nomes da divisão dos galos (61 kg) por quase uma década. No entanto, infelizmente, ele não alcançou o reconhecimento merecido dentro e fora do cage.

No octógono, Raphael esteve próximo de disputar o cinturão em duas oportunidades. Mas quis o destino que em nenhuma delas o desafio saísse do papel. Longe de ser um adepto do trash talk, o brasileiro pagou pelo seu estilo educado e profissional. É triste, mas é a realidade.

Por anos, Raphael se esquivou de polêmicas e confusões, assim como deixou de lado possíveis declarações bombásticas que lhe garantissem manchetes em sites especializados na cobertura do MMA. Assim, a conta não fechava. O alto risco entregue para seus oponentes no octógono não se refletia em vendas de pay-per-view e engajamento nas redes sociais.

Sem chamar tanta a atenção, Assunção também passou despercebido pelo fã menos assíduo do esporte. Digo, se você acompanha a maioria dos eventos e segue as principais movimentações de cada categoria, com certeza você sabe quem ele é - mas você faz parte de um grupo muito pequeno.

Quando se trata do grande público, às vezes chamado de fãs casuais, apenas os atletas mais midiáticos, provocadores e nocauteadores, aqueles que são capazes de entreter, serão lembrados. Raphael é unanimidade apenas entre quem é fã assíduo de MMA. Uma pena, repito.

Profissional desde 2004, o brasileiro acumulou 28 vitórias e dez derrotas no esporte. Se levarmos em consideração que ele sofreu cinco reveses em suas seis últimas apresentações, fica clara a relevância do veterano. Entre agosto de 2011 e julho de 2018 foram 11 triunfos em 12 combates.

Lutador pragmático e dono de estratégia de luta quase impecável, Raphael Assunção nadou contra a corrente em um esporte que flerta demais com o entretenimento. E seu erro foi justamente o de não saber lidar com o mundo midiático. Não por acaso Charles Do Bronxs não se cansa de repetir: "Quem não é visto, não é lembrado".