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OPINIÃO

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Israel Adesanya cruzou a linha do bom senso ao zombar de filho de Alex Poatan

Israel Adesanya comemora sua vitória no UFC - Getty Images
Israel Adesanya comemora sua vitória no UFC Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

11/04/2023 17h08

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As provocações e o clima de rivalidade entre os lutadores são fatores fundamentais para uma boa promoção de lutas. A fórmula, ao menos em teoria, é simples de entender, mas complexa de ser aplicada na prática. E para que o sucesso seja atingido, o melhor cenário é que, de fato, os envolvidos realmente carreguem motivações extra-octógono para a hora do combate.

Dito isso, é importante frisar que existe uma linha tênue entre a promoção de um combate (ou jogo mental para desestabilizar seu rival) e assuntos pessoais que servem de gatilho para um dos envolvidos. O problema é que cada caso é diferente e não existe uma regra a ser seguida, tudo depende de um suposto bom senso.

No último sábado, Israel Adesanya, campeão do UFC de 33 anos, não perdeu tempo para zombar do filho de Poatan, que chorava há poucos metros de distância enquanto seu pai estava desacordado. A atitude, de se jogar no solo, foi uma retribuição do gesto do garoto que, em 2017, quando tinha apenas cinco anos, ironizou o nigeriano que havia sido nocauteado por seu pai.

E embora o próprio lutador brasileiro já tenha dito que não carregará nenhuma mágoa especial pela atitude do algoz, assim como Adesanya tenha deixado claro que tudo foi natural e que se tratou apenas de uma retribuição ao gesto do garoto, tenho que olhar por outra ótica. Como estamos falando de um lutador que caminha a passos largos para ser um Hall da Fama do UFC, não há nada a se ganhar com tal postura. Muito pelo contrário.

Zombar de um jovem de 12 anos abalado por ver o pai desacordado em ginásio lotado com quase 20 mil pessoas não agrega ao seu legado e não acrescenta em na promoção do combate, uma vez que ele acabara de acontecer. Claro, caso eles cruzem caminhos no futuro, isso deverá ser usado durante a promoção do confronto - mas a que preço.

No mundo do MMA, não são poucos os casos de brigas e desavenças que passaram do limite por conta de declarações fora de contexto que envolviam familiares de um dos atletas envolvidos. Daniel Cormier, ao ouvir o rival Patrick Cummins zombando do dia que o viu chorar na academia, trouxe motivação extra para o cage e garantiu a vitória em pouco mais de um minuto. O choro, como revelou posteriormente Cormier, foi motivado pela morte de sua filha de três meses.

Jorge Masvidal, após perder para Colby Covington no octógono, foi preso por agredi-lo nas ruas de Miami. Sua motivação para cometer o crime teria sido as constantes provocações do rival, que citou sua ex-esposa e suas filhas - nada que justifique sua atitude destemperada, claro.

Conor McGregor, ainda no cage após ser derrotado por Dustin Poirier, gritou no microfone que a mulher do americano lhe mandava mensagens privadas nas redes sociais. A cena sem contexto pareceu um chilique de um adolescente contrariado por alguma bobagem corriqueira. Dustin nada fez a respeito, pois como disse no início do texto, cada caso é diferente.

Mas a premissa básica de não envolver terceiros, principalmente familiares, em um assunto privado faria sentido. Qual o sentido de expor alguém que não entrará no octógono para milhões de fãs do esporte sem que ela tenha o direito à defesa? Parece injusto, certo?

E injustiça é uma marca negativa demais para quem quer fazer história no esporte e se tornar um Hall da Fama.