Opinião

Lutar em Abu Dhabi é inevitável para Charles do Bronxs, mas não ideal

No mês passado, logo após a vitória de Charles do Bronx contra Beneil Dariush, escrevi nesta coluna que o próximo passo natural (mesmo que talvez não o ideal) seria uma revanche contra Islam Makhachev em outubro, novamente em Abu Dhabi. E esse cenário se concretizou durante o anúncio oficial da organização na última terça-feira.

Não sei os detalhes da negociação, mas imagino que quaisquer questões que envolvessem dinheiro, participação na venda de pay-per-views ou ajuda da organização com acomodações do staff do atleta para o dia 21 de outubro em Abu Dhabi foram sanadas sem dificuldades. Dito isso, preciso apontar as dificuldades em aceitar tal desafio antes de apontar o que me leva a crer que a decisão foi acertada.

Performar em alto nível em Abu Dhabi é um desafio por si só. Fuso horário, alimentação, clima e torcida contrária são fatores que rapidamente vêm à mente de qualquer atleta que precisa encarar tantas horas de voo para o local. Soma-se a isso o fato de Charles ter sido finalizado pelo próprio Islam no mesmo ginásio em que medirá forças com o campeão do UFC.

Para piorar, o brasileiro se apresentou no octógono no mês de junho e, como ele mesmo diz, o ideal seria fazer uma nova luta mais para o final do ano, possivelmente no card numerado de dezembro. No entanto, mais do que um possível desejo por uma revanche, Charles tem no cinturão sua principal justificativa para retornar a Abu Dhabi.

E isso é fácil de entender. Afinal, o acordo comercial do UFC com o governo local garante a realização de uma edição numerada por ano na cidade. O UFC 294, portanto, precisa de dois fatores: uma disputa de cinturão para liderar o show e um nome de peso para atrair a atenção dos fãs locais. Islam preenche ambos os requisitos com precisão.

Ou seja, se Charles não aceitasse o desafio, outro atleta seria escalado para a vaga e o brasileiro teria que esperar por outra data e talvez ainda fazer outro combate nesse meio tempo. Caçador de recordes na organização, o atleta de 33 anos fará aniversário apenas quatro dias antes do duelo - não há motivo para desperdiçar tempo e tampouco evitar desafios.

Se a meta é se desafiar a ponto de estabelecer um legado cada vez mais importante na história do esporte, o cinturão tem que ser o foco no momento. E os percalços no caminho devem ser superados, jamais esquivados.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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