Opinião

Excesso de lutas e pouco planejamento colocam Jéssica Bate-Estaca em xeque

Perto de completar 32 anos, Jéssica 'Bate-Estaca' atravessa o seu pior momento no MMA profissional. Neste sábado (5), a brasileira sofreu sua terceira derrota seguida no octógono do UFC e passou a viver uma situação delicada no evento. O revés para Tatiana Suarez em Nashville, por sinal, ilustra os efeitos da mudança de gestão da carreira da atleta.

Dentre as atletas do atual plantel de lutadores do UFC, Jéssica é a que possui mais lutas (25). Ela também é a única competidora que obteve vitórias em três diferentes categorias de peso, além de já ter sido campeã dos palhas (52 kg) e ter disputado o cinturão dos moscas (57 kg). No entanto, a temporada de 2023 tem tudo para ser esquecida pela veterana.

A começar pelo ritmo inédito e nada comum no octógono. Em oito meses, Bate-Estaca já fez quatro lutas no evento, além de ter alternado apresentações em duas divisões - neste ano, foram duas em cada. Soma-se a isso o fato de ela ter enfrentado apenas rivais de alto calibre, ter tido pouco tempo entre os camps e ter sofrido uma lesão no início da temporada para que a conclusão se torne rápida: Jéssica foi exigida demais, e sem motivo.

Como ex-campeã que é e pelo fato de estar ranqueada nas duas divisões, a atleta não precisa de toda essa pressa para retornar ao octógono, assim como deve fazer valer a vontade de seu corpo. Em fevereiro, semanas depois da vitória contra Lauren Murphy no Brasil, Jéssica já estava em Las Vegas para encarar a duríssima Erin Blanchfield enquanto se recuperava de uma lesão na mão direita.

Apenas três meses mais tarde, Jéssica retornou à divisão dos palhas, voltando a colocar seu corpo na exaustiva rotina de corte de peso e desidratação árdua. Mais três meses se passaram e, vejam só, mais um corte de peso grande para a conta, outra viagem do Brasil para os EUA para enfrentar a climatização ao clima e fuso horário, e ainda por cima para encarar Tatiana Suarez, lutadora invicta e grande promessa americana da categoria.

Eu sei que Jéssica já verbalizou publicamente que atravessou um momento financeiro ruim após o divórcio no ano passado - o que também denota falta de planejamento e acompanhamento financeiro de sua carreira. A questão é que ela não pode colocar sua carreira em xeque, ainda mais dessa forma, sem fazer valer toda a sua história, seus feitos e o peso de sua carreira na organização.

A fase é ruim, mas há tempo para uma reestruturação. Agora é hora de puxar o freio, cuidar do corpo, descansar e analisar com cuidado seu próximo desafio, que espero que seja apenas no começo de 2024. O que ela mais precisa agora? Obviamente, vencer. Que seu time, então, pense com cuidado e escolha a opção de rival que mais se encaixe com suas habilidades;

Sim, escolha. Não há vergonha em evitar riscos desnecessários e aumentar as chances de vitória. Aliás, esse é o trabalho de qualquer bom empresário.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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