Opinião

Fim da briga com a balança rejuvenesceu a carreira de Michel Pereira no UFC

Nos últimos anos, Michel Pereira ganhou destaque na divisão dos meio-médios do UFC não apenas pelo seu estilo plástico e agressivo, mas também pela diferença de tamanho a seu favor em relação aos rivais. Com 1.85m, o Paraense Voador chegava a bater próximo dos 100 kg antes de iniciar seu camp, que durava em média três meses. Um dia antes da luta, porém, ele se pesava com 77 kg e competia com pouco mais de 90 kg.

A vantagem em força, peso e explosão era nítida, mas isso também cobrava de sua resistência física em lutas mais longas e exigia demais de seu corpo na reta final do corte de peso. Tanto foi que, no final de julho deste ano, Michel sofreu demais nas últimas horas e não foi capaz de atingir o peso da divisão. Como resultado, a aguardada luta contra Stephen Thompson foi cancelada, e ele desperdiçou todo o treinamento feito para aquela disputa.

Ao mudar de divisão, no entanto, muitos dos problemas de Michel se foram - a começar pelo desgaste de seu corpo. Sem fazer um corte brusco de peso, o atleta de 30 anos deve ganhar em resistência física e, como ele mesmo disse, agora tem energia de sobra para treinar mais e melhor. A semana da luta, então, como pôde ser vista nos últimos dias, apresentou um Michel muito mais sorridente e com semblante feliz.

Soma-se a isso o fato de que ele pode, e deve, se apresentar mais vezes no octógono. Com tamanho esforço para atingir o limite da divisão dos meio-médios, o lutador, caso tudo desse extremamente certo, poderia competir no máximo três vezes por ano. Cenário completamente diferente - após o nocaute contra Andre Petroski, Michel arriscou que pode aceitar lutas em cima da hora e fazer até mesmo seis duelos em uma única temporada. Só o tempo irá dizer.

A grande questão é que Pereira não perdeu em tamanho. Embora não seja o maior da categoria dos médios, ele está longe de ser pequeno. Neste sábado, no UFC Apex, ele ainda teve ao seu lado a vantagem de peso e altura, o que prova que o sofrimento para descer de peso era desumano e nada saudável. Não à toa, posso lembrar rapidamente de alguns brasileiros que, assim como ele, demoraram para subir de peso e quando o fizeram passaram a performar melhor.

Charles Do Bronx, que falhou algumas vezes na balança quando competia como peso-pena, deu show nos leves e chegou a ser campeão - recordista de finalizações no evento, ele venceu 12 de suas últimas 13 disputas na divisão. Além dele, temos Gilbert Burns, o Durinho. Por anos o carioca sofreu para cravar o limite dos leves e, assim que subiu para os meio-médios, se tornou uma máquina de vitórias e chegou até mesmo a disputar o título da categoria.

Claro, a conta não é exata e a diferença entre as categorias de peso no MMA é grande, o que faz da mudança uma decisão difícil de ser tomada. No entanto, repito, o maior termômetro para se fazer tal escolha deve ser, sempre, sua saúde. Escutar o corpo é o primeiro passo para performar no máximo de sua capacidade."

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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