Opinião

Como Paulo Borrachinha virou um fenômeno de popularidade lutando pouco?

Você pode gostar ou não de Paulo Borrachinha, isso não importa. Mas é fato que o poder midiático do atleta é gigante. Sem lutar desde agosto de 2022, quando venceu Luke Rockhold, o brasileiro machucou o cotovelo, cancelou sua participação no card do UFC 294, realizado neste sábado (21), e ainda sim foi um dos nomes mais citados na semana.

Midiático, o peso-médio, mesmo lesionado, compareceu ao card e não se intimidou. Vaiado assim que apareceu no telão, Borrachinha sorriu, pediu silêncio aos presentes e seguiu a cartilha de quem entende como o jogo funciona, provocando a plateia. No entanto, infelizmente, a animosidade da torcida não parou por aí.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento em que um fã tenta pular por cima dos seguranças para agredir o atleta, que tenta revidar com um direto. De acordo com as imagens, nada de pior aconteceu e os seguranças do show impediram que a confusão continuasse. A partir daí, então, Paulo Costa ganhou ainda mais destaque. Mesmo sem lutar, seu nome foi mencionado ao longo da semana diversas vezes por Dana White, presidente do evento, e pelo ex-futuro adversário, Khamzat Chimaev.

Agora, após a quase agressão, Borrachinha se tornou um dos temas mais comentados no evento, e é de se imaginar que nos próximos dias o próprio atleta vai surfar na onda e ganhar ainda mais engajamento. Um feito e tanto para quem, repito, não luta desde agosto do ano passado, quando se apresentou em apenas uma oportunidade. Por sinal, ele fez apenas um combate por ano entre 2019 e 2022, com duas vitórias e duas derrotas, e deve terminar a atual temporada sem se apresentar no octógono.

Um desperdício se analisarmos seu potencial como lutador, mas um fenômeno de popularidade quando seus resultados no octógono são comparados ao alcance entre os fãs. Provocador nas redes sociais, ele já conta com 1,4 milhão de seguidores no Instagram mesmo sem nunca ter sido campeão, e conta com uma sólida base tanto de fãs como de haters. Sua postura por vezes gerou desconforto entre outros atletas que verbalizam publicamente o descontentamento com a forma como ele utiliza as plataformas digitais.

Nomes como Antônio Cara de Sapato, Gilbert Durinho, Marvin Vettori, Thiago Marreta e Khamzat Chimaev questionaram, para dizer o mínimo, o estilo de promoção dos brasileiro. A confusão com o último atleta citado, inclusive, deu tanto o que falar que eles foram escalados para se enfrentarem no card deste sábado - até que a lesão do brasileiro o retirou da luta. A fama de Borrachinha não é à toa. Ele faz lembrar aquela antiga frase muito utilizada por times de futebol: "ou você ama, ou você odeia". E, ciente de como capitalizar em cima de seu engajamento, o atleta aproveita cada oportunidade que tem para se promover.

Talvez por isso que em toda sua caminhada no UFC, Borrachinha só não lutou em eventos numerados (os de maior visibilidade) em duas ocasiões: em sua estreia e no confronto contra Marvin Vettori, quando fez a luta principal da noite. Por isso, fica a pergunta: imagine se ele lutasse com mais frequência?

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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