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Opinião

Entenda por que 'Anderson vs. Vitor 2' não faz mais sentido

Após protagonizar a encarada com Chael Sonnen na última quarta-feira (12), em São Paulo, Anderson Silva conversou com jornalistas presentes no evento e respondeu a algumas perguntas pontuais. Dentre elas, a que mais me chamou atenção foi o comum assunto que tanto o acompanha nos últimos anos: a possibilidade de revanche com Vitor Belfort.

Direto como de costume quando o tema se torna um tanto pessoal, Anderson descartou a possibilidade e subiu o tom, afirmando que o ex-rival vai "ter que dormir com essa", além de ter que "procurar o Popó". Com isso em mente, aproveitei para escrever uma coluna mais explicativa sobre o tema.

Já não é de hoje que existe o interesse de grande parte dos fãs em ver a reedição do duelo. Desde os tempos do UFC, o próprio Vitor manifestava sua vontade de ter a revanche. No entanto, para que uma luta aconteça, existe uma certa conta a ser feita, e na balança, o risco e a recompensa influenciam demais. Portanto, com esses dois parâmetros, vou tentar explicar por que 'Anderson vs. Vitor 2' não faz mais sentido.

Quando se enfrentaram, em 2011, o Spider venceu por nocaute em poucos minutos, viu sua popularidade aumentar como nunca no Brasil e colheu os frutos nos anos seguintes. Aquele confronto, com ambos no auge de suas carreiras e com o cinturão do UFC em jogo, fazia valer o risco para ambos, uma vez que a recompensa da vitória significava demais para o vencedor, tanto em termos de legado quanto financeiramente - ou qualquer outra métrica que possa ser usada.

Quase 15 anos depois, com ambos fora do UFC e próximos de completar 50 anos, a conta não fecha, principalmente para Anderson. Afinal, tirando um alto valor merecido para realizar a luta, ele de nada teria a ganhar. Não existe título a ser disputado, legado a ser colhido e tampouco visibilidade a ser conquistada. Até porque, diferentemente do primeiro confronto, hoje a figura do Spider é consideravelmente maior junto ao grande público brasileiro do que a de Belfort. Simples assim.

Soma-se a isso o fato de que a relação entre eles não é de amizade. Não digo que existe uma enorme rivalidade e que eles se detestam, não é este o caso. A maturidade adquirida com o tempo conseguiu apagar a tensão construída em torno daquela disputa. Acontece que um novo encontro invariavelmente exigiria um desgaste emocional que, repito, não vale a pena (ao menos para um dos lados). A conta não fecha.

Até porque, falando do lado financeiro, Anderson conseguiria movimentar quantias maiores em disputas internacionais. Ele, inclusive, revelou que já negocia disputas na Arábia Saudita e no Japão. Portanto, do ponto de vista do vencedor daquele duelo, recordista em defesas de título na divisão dos médios e membro do Hall da Fama do UFC, um duelo com Vitor Belfort não traria benefícios que não pudessem ser replicados ou ampliados de outras formas.

Já para o carioca, por outro lado, a revanche teria muito mais a oferecer. Visibilidade, dinheiro, legado e apelo internacional são alguns dos pontos que, juntos, fazem desta uma chance única para Belfort. Mas, ao que tudo indica, e como disse o próprio Spider, ele deve "ter que dormir com essa".

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