Alex Poatan tem mais a perder do que a ganhar ao salvar o UFC 303
Alex Poatan estreou no UFC em novembro de 2021 e, em menos de três anos, construiu uma trajetória digna de Hall da Fama na organização. Em oito lutas, ele conquistou dois cinturões e obteve cinco vitórias sobre ex-campeões, feitos que ressaltam sua rápida ascensão. No entanto, o ritmo frenético do lutador parece não desacelerar.
Próximo de completar 37 anos, o campeão dos meio-pesados (93 kg) acaba de aceitar um desafio sem precedentes: em duas semanas, ele enfrentará Jiri Prochazka na luta principal do UFC 300. Essa decisão traz consigo uma série de prós e contras que merecem análise. Começando pelo lado negativo: o bônus por uma possível vitória talvez não compense o risco.
O atual campeão tem muito a perder e, como ficou evidente, segue em um ritmo intenso de combates - uma luta a cada quatro meses. A isso somam-se sessões de sparring, corte de peso, viagens e todo o desgaste físico e mental que uma disputa no octógono acarreta.
Sem tempo para descanso, Poatan, vale lembrar, saiu de sua última luta com dois dedos do pé quebrados, há apenas dois meses. Desde então, o atleta fez algumas viagens e deu seminários. Recentemente, ele estava na Austrália, com 17 horas de diferença de fuso horário em relação a Las Vegas (EUA), onde será sua próxima luta.
Com tão pouco tempo de preparação, ele basicamente retornará aos EUA, desenhará uma estratégia e preparará seu corpo para o novo corte de peso. Um cenário no mínimo inusitado para um campeão.
Por outro lado, os aspectos positivos se restringem ao financeiro - é provável que a negociação envolva a maior bolsa de sua carreira e uma cláusula de revanche imediata em caso de derrota -, e ao fato de que tanto ele como o seu rival terem tido o mesmo tempo de descanso desde suas últimas lutas, além de que ambos não estavam se preparando para nenhum confronto a curto prazo. Poatan também conta com um retrospecto vitorioso contra Jiri, tendo o nocauteado em novembro passado para conquistar o cinturão dos meio-pesados.
Mas, como mencionado anteriormente, o risco de não se apresentar no auge de sua forma não faz sentido para sua posição de campeão. Não é à toa que os detentores do cinturão lutam em um ritmo menos acelerado. É esperado que eles o façam em condições físicas ideais, ou próximas disso, além de trabalharem com tempo suficiente para promover o evento e sua própria imagem.
Sem tempo adequado para preparação ou promoção, o brasileiro coloca seu posto de campeão em jogo por uma recompensa desproporcional. Afinal, seu legado no UFC já está consolidado justamente com feitos impactantes e um ritmo intenso de apresentações no octógono. Uma nova vitória contra Jiri Prochazka não acrescentará muito a isso.
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