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Lutas alteradas e veto a ring girls ofuscam estreia do UFC Arábia Saudita

A aguardada estreia do UFC na Arábia Saudita não foi como planejado. Acostumados com o alto nível dos eventos esportivos realizados na região, os fãs esperavam que as grandes quantias de dinheiro que transformaram o país em um polo esportivo proporcionassem um show à altura das promoções de boxe, corridas de Fórmula 1 e apresentações da WWE recentemente vistas. Porém, isso não aconteceu.

Após a mudança de data, que adiou o card previamente agendado em março para este final de semana, uma série de imprevistos acabou por ofuscar a estreia do evento no país - tanto os fãs de MMA quanto os organizadores sentiram o impacto dessas alterações. A começar pela luta principal.

A estrela local, o invicto Khamzat Chimaev, era a grande aposta para o primeiro card do UFC na região. No entanto, poucos dias antes da luta, o atleta enfrentou complicações médicas e foi substituído por Ikram Aliskerov, atleta russo que está longe de ter a mesma popularidade no esporte. Assim, coube ao australiano Robert Whittaker assumir o posto de grande nome do evento e vencer a disputa em menos de dois minutos.

Para piorar, outras duas lutas de interesse para o mercado local também sofreram alterações às vésperas do evento. Promessas para a popularização do esporte na região, Muhammad Naimov e Sharabutdin Magomedov viram seus adversários serem trocados de última hora, o que atrapalha a promoção do evento e, consequentemente, o engajamento entre os fãs.

A única solução para manter os dois atletas no evento foi escalar estreantes pouco conhecidos para enfrentá-los. Essas missões ficaram a cargo dos brasileiros Felipe Lima, que surpreendeu e venceu a disputa, e Antonio Trócoli, nocauteado no terceiro assalto. Mas os problemas não pararam por aí.

Em nova tentativa de se firmar como meio-médio, Kelvin Gastelum voltou a ter problemas com a balança e pediu para que sua luta contra Daniel Rodriguez fosse alterada para a divisão dos médios. O pedido foi feito três dias antes do card, pegando seu adversário desprevenido e automaticamente diminuindo a repercussão positiva de sua vitória.

E por falar em repercussão, uma das notícias que mais chamou a atenção sobre o evento foi a realização de um show inteiro sem a presença de ring girls, uma exigência do governo local. E, convenhamos, o conflito entre dogmas religiosos e direitos das mulheres passou longe de ser um dos objetivos dos investidores que levaram o UFC para a Arábia Saudita.

Somando-se a isso o péssimo desempenho dos lutadores brasileiros, que perderam três das quatro lutas em que participaram, o UFC Arábia Saudita acabou se tornando um card para ser esquecido.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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