Alex Poatan capitaliza em cima de desavenças construídas por seus rivais

Além do desempenho incrível dentro do octógono do UFC, Alex Poatan também performa cada vez melhor fora dele. Prova disso é a sua popularidade ao redor do mundo. Mesmo sem falar inglês, o campeão dos meio-pesados atrai uma legião de fãs para as aparições que faz no período entre as lutas, além de lotar arenas nos eventos em que participa. Uma parte considerável deste sucesso se deve à sua capacidade de capitalizar em cima das rivalidades e polêmicas criadas pelos seus adversários.

Tranquilo e quase sempre adepto de poucas palavras de efeito, Poatan chegou ao UFC graças ao retrospecto de duas vitórias contra Israel Adesanya em competições de kickboxing. Na ocasião, em 2021, o nigeriano era campeão absoluto do UFC e era clara a dificuldade da organização em encontrar algum oponente capaz de construir uma narrativa interessante para atrair o público. O brasileiro caiu como uma luva neste cenário e não desperdiçou as chances que teve.

Após conquistar o título e perdê-lo para o próprio Adesanya, a mudança de categoria foi tão natural quanto benéfica para Alex. Em apenas quatro lutas, ele enfrentou quatro ex-campeões e praticamente foi presenteado com rivalidades prontas. Seja Jamahal Hill o provocando na coletiva de imprensa ironizando o símbolo adotado por ele (as estátuas da Ilha de Pascoa viraram o "retrato" do atleta), ou Jiri Prochazka o acusando de fazer magia maléfica e usar "táticas espirituais sujas".

Perceba, em ambos os exemplos, Alex foi atacado publicamente de forma fácil de se defender (não que ele precisasse se defender). Mas esse tipo de ataque remete às suas origens indígenas, que ele sempre faz questão de ressaltar e homenagear, e à sua postura nas redes sociais. Não por acaso, a atitude dos adversários gerou polêmica e engajamento entre os fãs, resultando em visibilidade.

Se analisarmos, Poatan, por si só, nunca se exaltou e fez pouco esforço para rebater os ataques. Sua postura serena apenas abriu brecha para a interpretação dos que presenciaram as acusações, garantindo automaticamente o interesse sobre como seria sua performance no octógono caso ele levasse tais rivalidades para o lado pessoal. E os rápidos nocautes falaram por si só.

Não haveria forma melhor de capitalizar tais cenários do que manter a calma durante a confusão, alimentar o imaginário dos fãs até o momento da luta e conquistar a vitória de forma impactante. Para isso, o brasileiro contrariou a lógica ao, mesmo sem falar inglês, se popularizar ao redor do globo. Um feito e tanto, chama!