Rafael dos Anjos não pode mais servir de trampolim para rivais no UFC
Rafael dos Anjos completou 40 anos neste sábado. E, mesmo no dia de seu aniversário, subiu ao octógono no card do UFC 308, em Abu Dhabi. No entanto, foi derrotado por Geoff Neal e deixou o cage com o joelho esquerdo lesionado. Difícil imaginar um cenário mais desolador para uma data tão especial.
Curiosamente, a primeira coisa que me passou pela cabeça ao vê-lo caminhar com dificuldade enquanto deixava a área de luta foi se esse seria o capítulo final de sua carreira. Mas, se depender de Rafael, a resposta é não. Ele já afirmou várias vezes que pretende cumprir as quatro últimas lutas previstas em seu contrato. No entanto, a fase não o favorece.
Com quatro derrotas nas últimas cinco lutas - sendo três consecutivas - o brasileiro chega aos 40 anos em uma encruzilhada. Na divisão dos 70 kg, onde já foi campeão, ele sofre para bater o peso e seus adversários parecem mais rápidos e ágeis no octógono. Já na categoria até 77 kg, como vimos mais uma vez hoje, ele acaba sendo fisicamente menor que os oponentes.
Enfrentando desvantagens físicas e em uma idade com a qual é raro ver atletas no topo de suas categorias, Rafael ainda sofreu uma lesão no joelho. Embora seja cedo para determinar a gravidade da contusão, esportes de combate exigem muito do corpo, e, quanto mais avançada a idade, mais lenta é a recuperação. É uma conta lógica.
Para piorar, o UFC não tem feito as melhores escolhas para sua carreira no que diz respeito aos desafios. Uma análise rápida do cartel recente de Rafael revela adversários como Geoff Neal, Mateusz Gamrot e Rafael Fiziev, que representam desafios imensos, mas com baixo apelo midiático, o que resulta em pouco retorno para o ex-campeão.
Sabemos que uma das maiores marcas de RDA como lutador é o fato de nunca ter recusado lutas e ter enfrentado os oponentes mais duros em duas categorias. Seu currículo fala por si. No entanto, é preciso ser realista: aos 40 anos, sem ter mais nada a provar, é improvável que Rafael tenha outra chance de disputar o cinturão. Então, por que continuar enfrentando adversários desse calibre quando a recompensa é tão pequena?
Se ele decidir continuar competindo, espero que seja contra rivais de tamanho, idade e currículo semelhantes, em lutas que realmente acrescentem ao seu legado. Rafael construiu uma carreira única e invejável, e é injusto que ele sirva de trampolim para atletas pouco conhecidos.
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