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Campeão mundial brasileiro cai no doping por remédio para reduzir mama

Jorge Zarif participa de evento-teste das Olimpíadas do Rio na classe Finn da vela - Getty Images
Jorge Zarif participa de evento-teste das Olimpíadas do Rio na classe Finn da vela Imagem: Getty Images

16/01/2020 18h02

O brasileiro Jorge Zarif, que foi campeão mundial da classe Finn em 2013, foi flagrado em exame antidoping em agosto passado pelo consumo de tamoxifeno. Ele reconhece o uso da substância proibida pelo Código Mundial Antidoping, mas alega que o fez por recomendação de um médico, para tratar uma doença mamária. Zarif conseguiu vaga olímpica para Tóquio-2020, mas ela é do país. Assim, a CBVela, se desejar, pode levar outro velejador para competir na Baía de Enoshima. Nenhum outro brasileiro, porém, tem nível técnico sequer parecido com o de Zarif, que já foi há duas Olimpíadas.

O resultado analítico adverso foi revelado nesta quinta-feira (16) pelo próprio velejador, em postagem nas redes sociais. Segundo Zarif, de 26 anos, ele se colocou em suspensão provisória, o que significa que, caso ele seja punido por seis meses, por exemplo, o gancho começa a contar agora e ele teria tempo de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio.

"Jamais fiz uso de uma substância proibida para obter qualquer vantagem indevida. Fiz uso do tamoxifeno para tratar de uma condição médica que estava me deixando com dor e com os movimentos limitados", disse Zarif, via assessoria de imprensa. No Instagram ele detalhou que em junho de 2019 submeteu-se a um tratamento indicado por seu mastologista para combater sintomas de ginecomastia bilateral, doença que causa o aumento das mamas.

Sempre de acordo com Zarif, ginecomastia vinha lhe causando dores e limitava seus movimentos. "Ressalto que optei pelo uso do tamoxifeno porque a outra opção seria a cirurgia, que me obrigaria a ficar quase dois meses afastado, sem poder mexer meus braços, perto de duas competições importantes", explicou.

O Olhar Olímpico apurou que ele procurou o médico para tratar de uma doença que costuma ser constrangedora sem contar a ninguém. Depois, teria procurado a substância no código antidoping, mas não a encontrou. O exame que deu positivo foi colhido durante o Evento-Teste da Olimpíada de Tóquio, no Japão, em agosto. Sem temer ser pego, Jorginho foi até o encontro do oficial antidoping que o procurou fora do horário permitido- ele poderia simplesmente ter se recusado a ser testado, sem qualquer risco de punição.

Antes de receitar uma substância proibida a um atleta de alto-rendimento, o médico precisava ter solicitado à Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) uma Autorização de Uso Terapêutico (AUT), documento que, se aprovado por uma comissão da ABCD, autorizaria o tratamento. Após a notificação, foi feito um pedido retroativo, anexado a diversos exames. A World Sailing concedeu a AUT retroativa, mas a Agência Mundial Antidoping (Wada) não. A tendência é que o caso chegue à Corte Arbitral do Esporte.