Topo

Olhar Olímpico

Bolsonaro nomeia padrinho do filho Flávio para comandar legado olímpico

Marcello Magalhães, novo diretor da EGLO, e Jair Bolsonaro - Reprodução/Facebook
Marcello Magalhães, novo diretor da EGLO, e Jair Bolsonaro Imagem: Reprodução/Facebook

03/02/2020 09h46

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido) venceu a queda de braço com os militares que comandam o esporte no governo do seu pai e emplacou um padrinho de seu casamento no comando do Escritório de Governança do Legado Olímpico (EGLO), A nomeação, assinada pelo ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB) aconteceu no último dia 31 e foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda (3).

A indicação de Marcelo Reis Magalhães, publicada pelo Olhar Olímpico em dezembro, vinha gerando forte incômodo entre os militares que ocupam boa parte dos postos de comando da Secretaria Especial de Esporte. Próximo à família Bolsonaro, ele não precisará prestar contas ao general Décio Brasil, que comanda o esporte e já havia indicado outros nomes para a vaga. Magalhães deverá ter total liberdade para fazer as indicações para os outros 26 cargos de comissão existentes na novíssima EGLO, criado em novembro, mas ainda inoperante.

Magalhães, que foi empresário das gêmeas Bia e Branca Feres, do nado sincronizado, é amigo de infância e foi padrinho de casamento do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Jornalista que nunca atuou na área, Magalhães trabalhou com promoção em rádios FM do Rio antes de chegar ao esporte. No seu currículo constam trabalhos com a imagem de Flávio Canto, Anderson Silva, Isaquias Queiroz, Fabiana Beltrame e as gêmeas Bia e Branca, além de produtos como o programa Gigantes de Nazaré, de surfe, exibido no Esporte Espetacular.

De março de 2017 até junho do ano passado, o legado olímpico foi gerido por uma autarquia, a AGLO, que tinha mais de 150 cargos comissionados, sendo 95 deles ocupados quando a autarquia foi encerrada. Seu presidente, Paulo Márcio Dias Mello, respondia ao ministro do Esporte e, quando o ministério acabou, passou a responder ao ministro da Cidadania. Sua demissão, porém, já demonstrou falta de sintonia entre os militares que cuidam do esporte e o ministro Osmar Terra e o interesse dos militares em ocuparem o comando do legado.

Quando a autarquia foi encerrada, a secretaria do Esporte foi pega de surpresa, uma vez que existia a expectativa que o presidente Bolsonaro renovasse sua validade. Na ocasião, já estava convidado para a presidência da AGLO o coronel Oscar Portela Charbel.

Sem a AGLO, o secretário adjunto coronel Marco Aurélio Araújo propôs um modelo no qual ela cuidaria da atividade fim (ocupação das arenas), a secretaria executiva do Ministério da Cidanida da atividade meio (contratos, RH) e o Ministério da Economia do processo de privatização, que demorou mais de seis meses para ser adotado, com a criação da EGLO, que nasceu com uma novidade: seu líder (um "diretor') responderá ao ministro da Cidadania, não ao secretário de Esporte.

E aí vem o problema. O grupo de militares que comanda a secretaria tem um plano para cuidar do legado e, muitos deles com passagens por funções ligadas ao esporte no Exército, têm carinho especial pelo Parque Olímpico. Além disso, na falta de pessoas nomeadas para cuidar do legado nos últimos seis meses, foram militares que voluntariamente trabalharam ali, com destaque para o coronel Ricardo Leão, da reserva da Exército. A eles foi feita a promessa de que seriam contratados quando o futuro da AGLO fosse definido.

Reclamando, entre outras coisas, da falta de cuidado com o legado olímpico, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a conseguir uma liminar para interditar todas as estruturas construídas para a Olimpíada. Na semana passada, porém, a Justiça derrubou a liminar.