Estádio Mané Garrincha pode ganhar novo nome, cobertura e grama sintética
Estádio mais caro construído para a Copa do Mundo de 2014, por R$ 1,7 bilhão, o Mané Garrincha está passando por uma reforma que vai custar R$ 22 milhões e pode ganhar melhorias significativas nos próximos anos, que incluem a construção de uma cobertura fixa e a troca da grama natural pela sintética. Desde a última terça-feira (6), todo o complexo esportivo que inclui o Mané Garrincha é administrado por um concessionário privado, a Arena BSB, que arcaria com as obras.
A concessão foi assinada no final de julho do ano passado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e, desde então, a Arena BSB vinha compartilhando a gestão do complexo esportivo com o governo do distrito federal. Na terça aconteceu a passagem final de bastão, mesmo processo ocorrido no Estádio do Pacaembu em janeiro.
Pelos próximos 35 anos o Mané Garrincha será administrado pela Arena BSB, uma parceria entre a RNGD Consultoria de Negócios, empresa do investidor Richard Dubois, presidente do concessionário, e a Amsterdã Arena. Durante este período, irá pagar R$ 5 milhões ao ano à Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) além de 5% do faturamento.
O governo do DF também comemora uma economia de R$ 13 milhões ao ano em manutenção do complexo e não precisar realizar as reformas necessárias. As obras, pagas pela Arena BSB, começaram em janeiro e devem consumir R$ 22 milhões até o começo do ano que vem. "O sistema de câmeras já está funcionando, os vestiários estão consertados. Todos os problemas mais críticos estão sendo resolvidos", diz Dubois.
Para o estádio, o consórcio prevê três obras de melhoria principais. A primeira é a troca do gramado, para um sintético. "Deve levar um ano para implementar, tem prós e contras. Um dos prós é o menor tempo de ajuste entre shows e jogos de futebol. Por outro lado, a gente sabe que no mundo do futebol existe alguma resistência. Esse é um investimento de vários milhões", explica o empresário.
Outra obra prevista é a construção de novos banheiros no piso inferior, para atender a demanda em dias de shows -atualmente é preciso instalar banheiros químicos em eventos do tipo. Por fim, recentemente surgiu a possibilidade de instalar uma cobertura permanente. " A gente tem uma concentração de shows e eventos no período que não chove. No período de chuvas, o promotor não quer arriscar. Em um estádio fechado ele não corre esse risco", avalia Dubois. O investimento só para esta obra seria de algo entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões.
Mais uma mudança significativa seria no nome do estádio. O consórcio, afinal, quer vender os naming rights do Mané Garrincha. "O naming rights é muito mais do que o nome, é um conjunto de ações comerciais que envolvem também colocar um apêndice ao nome do estádio. A gente adora o Mané Garrincha, eu tenho uma foto dele na minha sala. Na Holanda, o estádio chama Johan Cruyjff, mas o nome é Heineken. A memória esportiva não interfere na operação comercial de uma arena."
Futebol
Sem um time de torcida em Brasília, os jogos de futebol vão continuar sendo esporádicos. Para este ano há apenas dois marcados: a final da Supercopa do Brasil entre Flamengo e Athletico Paranaense, ainda em fevereiro, e um jogo do Brasil pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Quando sair o calendário do Brasileirão, a Arena BSB vai começar a comercializar datas com promotores interessados em levar partidas do torneio para Brasília. "Estamos com um preço pelo estádio muito convidativo, melhor que muito desconto que davam na época do governo. A gente está propondo que não haja leilão de datas. O promotor vem, fecha a data, vai lá e compra o jogo. Não vamos incentivar leilão ou concorrência. Vem, compra a data, e a data é dele", explica o presidente do consórcio.
Para não deixar de receber partidas locais, como do Candangão (Campeonato Distrital), a Arena BSB conversou com os clubes locais e determinou algumas regras para poder cobrar um aluguel mais barato. As partidas precisam ser diurnas (menor custo com eletricidade) e com apenas um setor aberto ao clube. Além disso, não há a garantia de reserva de data. Se, até três semanas antes da partida, alguém oferecer para alugar o estádio pelo preço cheio, a data muda de dono.
Entretenimento
A grande aposta do consórcio para tornar o negócio viável é um boulevard do lado de fora do estádio, em uma obra que deve custar cerca de R$ 500 milhões e ficar pronta em 2022. Um concurso arquitetônico que distribuiu um prêmio de R$ 5,2 milhões ao escritório vencedor definiu o desenho da novidade, que terá um complexo com 14 salas de cinema (o segundo maior do país, segundo Debois), academia, duas casas noturnas e diversas lojas.
"É uma área de entretenimento e lazer. Não dá para chamar de shopping center, porque só 30% da área é para comércio", explica o empresário, negando que o complexo esportivo vá se tornar um grande shopping. Ele também nega que o estádio passe a ser um acessório do complexo.
"O estádio é a âncora, a referência. Se o estádio ficar às moscas, compromete a imagem do complexo como um todo. Ele é o ícone. A gente trata bem do ícone. Eu não ganho dinheiro aqui (estádio), mas ele me serve como chamariz. Vamos ter no ginásio a Liga Mundial de Vôlei de 2020, 2021 e 2022. Essas coisas tornam o local icônico. A pessoa não está indo numa lanchonete qualquer, ela tá indo no lugar que teve uma Copa do Mundo. Isso eleva o potencial do entorno todo, valoriza."
Além do boulevard, o concessionário também vai construir uma nova e moderna arena poliesportiva, para 12 mil pessoas. A discussão, por enquanto, é semelhante à vivida em São Paulo com o Ibirapuera. Uma opção é construir a nova arena ao lado do arcaico e histórico Nilson Nelson, que seria preservado e mantido como uma opção para eventos de baixo custo. Outra é simplesmente substituir o Nilson Nelson pela nova arena.
A RNGD Consultoria de Negócios de Dubois também venceu a disputa pela Parceria Público-Privada (PPP) para reconstruir o autódromo internacional Nelson Piquet, que fica ao lado do estádio, também por uma concessão de 35 anos. Mas o negócio deu para atrás depois que o Tribunal de Contas do Distrito Federal encontrou falhas na processo e impediu a assinatura do contrato. Na semana passada, o governo distrital inabilitou o consócio.
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